CERVERÓ, SUA ADVOGADA E OUTRAS TRÊS TESTEMUNHAS DESMENTEM A DELAÇÃO DE DELCÍDIO DE QUE LULA TERIA AGIDO CONTRA A LAVA JATO

Viomundo - 05/11/2016

cerveró, delcídio e Lula
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Testemunhas dizem desconhecer qualquer ação de Lula contra delação na Lava Jato
Nestor Cerveró depõe em processo e afirma que jamais recebeu pressão de Lula para esconder qualquer fato
O ex-executivo da Petrobras Nestor Cerveró e sua advogada, Alessi Brandão, afirmaram nesta terça-feira que receberam pressões apenas de Delcidio do Amaral, para que evitassem citar o ex-senador na delação premiada assinada pelo ex-funcionário da estatal.
As afirmações foram feitas em audiência realizada em Brasília, no processo penal em que o ex-presidente Lula, entre outros, é acusado por obstrução de Justiça.

A informação desmonta a principal acusação contra Lula no processo, de que ele teria pressionado o ex-executivo da Petrobras para omitir fatos em sua delação premiada.
Tanto Cerveró quanto sua advogada reafirmaram não terem nenhuma pressão para evitar menções ao ex-presidente Lula ou ao banco BTG.
Todas as testemunhas ouvidas na audiência disseram desconhecer qualquer ação do ex-presidente Lula para obstruir a delação de Cerveró.
Os depoimentos reforçam a tese de que que Delcídio agiu por interesse próprio ao tentar impedir a delação de Nestor Cerveró, que citava propinas de empresas privadas (G.E. e Alstom) recebidas pelo ex-senador, quando este era diretor da Petrobrás no governo Fernando Henrique Cardoso. E também de que o ex-senador teria desviado US$ 2.5 milhões para sua campanha ao governo de Mato Grosso do Sul em 2006.
A advogada de Cerveró, Alessi Brandão, relatou bastidores da sua relação com seu cliente, sobre a condução das negociações para que ele obtivesse uma delação premiada com os procuradores da Lava Jato.
Ela acusou o advogado Edson Ribeiro, que representava Cerveró, de dificultar o acordo de delação, junto com o senador Delcídio do Amaral.
A advogada reiterou que só ouviu sobre suposta participação de Lula a partir da delação do senador Delcídio do Amaral.
Cerveró também reiterou que não houve nenhuma outra pressão a não ser a de Delcídio do Amaral para que ele não fizesse delação.
Delcídio, ao acusar Lula sem provas, conseguiu fechar ele próprio um acordo de delação que permitiu que o ex-senador saísse da cadeia e ficasse em liberdade.
Ou seja, após atuar para impedir uma delação, bastou Delcídio acusar Lula sem provas para ele mesmo obter um acordo de delação premiada, ao atribuir a outro uma ação do próprio Delcídio.
Cerveró também confirmou que seu filho recebeu R$ 50 mil no primeiro semestre de 2015, que devolveu ao advogado Edson Ribeiro como pagamento e que segundo Edson, veio do Delcídio.
Segundo Cerveró, seu filho não recebeu nenhum outro pagamento de Delcídio, nem pediu aqueles recursos, diferente do que foi dito em depoimento do ex-senado
Nota dos advogados do ex-presidente Lula
Os depoimentos colhidos na data de hoje (8/11/2016) na 10ª Vara Federal do DF desmentem, de forma inequívoca, a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral quanto à denuncia de obstrução de justiça envolvendo o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva.
Foram colhidos depoimentos de Nestor Cerveró, sua advogada e outras três pessoas, que negaram qualquer ação direta ou indireta de Lula com o intuito de impedir ou retardar a delação de Cerveró.
Diferentemente de versões já divulgadas pela mídia, Cerveró não disse que sua indicação para a diretoria da BR Distribuidora foi um ato de Lula como agradecimento por qualquer fato anterior.
Ele confirmou que “ouviu dizer” por terceiros esta versão, citando o nome de Sandro Tordin, ex-executivo do setor privado, que não tinha nenhuma relação com Lula.
Dessa forma, a audiência de hoje deixou claro que nosso cliente não praticou qualquer ato ilícito antes, durante ou depois do cargo de Presidente da República.
Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira
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