Empresa representada por ministro tem pé em paraíso fiscal, por Marcelo Auler

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Por Marcelo Auler
Já dissemos aqui que há quem não acredite em coincidências. Outros acham que elas ocorrem. Talvez também acreditem em Papai Noel. Mas, realmente, pode ser mera coincidência, até porque, com documentos nas mãos, o ministro Luiz Fux tratou de arquivar (engavetar?) o pedido de investigação que a Polícia Federal apresentou.
Por isso, o mais provável é que não passe de mera coincidência o fato de que uma das empresas do Grupo JHSF, envolvido no pagamento de R$ 4 milhões ao escritório de advocacia do atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, tinha como sócia uma empresa localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.

Mais ainda. O Grupo JHSF foi o responsável pela construção e exploração do Shopping Metrô Tucuruvi, junto à estação do bairro com o mesmo nome em São Paulo. A inauguração estava prevista para 2009, mas houve problemas com o alvará da prefeitura. Além do shopping, a JHSF ficou responsável pela construção de um terminal urbano para atender as 23 linhas de ônibus da região e por reformas no sistema viário dos arredores para diminuir os impactos no trânsito. A obra só foi começar em maio de 2010.
No mês seguinte, Moraes caiu dos cargos que ocupava na prefeitura, devido a diversos atritos, inclusive a ideia de proibir estacionamento nas ruas do centro da cidade. Deixou as secretarias municipais que comandava e retornou ao escritório de advocacia. Não passou por nenhum período de quarentena. Logo assumiu a defesa dos interesses do Grupo JHSF. Como lembrou a Folha de S. Paulo na reportagem Alexandre de Moraes recebeu R$ 4 mi de empresa alvo da Acrônimo, publicada sexta-feira (07/10):
“No último dia 16 de agosto, a PF encontrou sobre a mesa de um dos principais executivos da JHSF, empresa do setor imobiliário, uma planilha impressa com o nome ‘Alexandre Moraes’, além de valores e duas siglas, PT e PSDB.
Os valores a Moraes estavam associados à palavra Parkbem, antigo nome de uma empresa de estacionamentos do grupo JHSF”.
Os pagamentos ocorreram entre 2010 e 2014. Porém, deve ser novamente mera coincidência o fato de Alexandre de Moraes ter sido, entre agosto de 2007 e junho de 2010, na gestão do prefeito Gilberto Kassab, Secretário Municipal de Transportes de São Paulo. Acumulou ainda as presidências da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e SPTrans (São Paulo Transportes – Companhia de Transportes Públicos da Capital). Se não bastasse, foi também, titular da Secretaria Municipal de Serviços de São Paulo (esta última entre fevereiro 2009 a junho de 2010);
Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, “indagada pela PF (…) a assessoria jurídica da JHSF encaminhou “documentos originais das notas de honorários advocatícios emitidas pelo escritório” Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados, nos anos de 2010, 2011 e 2014″.
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