Marcelo Auler: PF omitiu detalhes dos supostos “terroristas tupiniquins” e não tem provas de qualquer atentado

Marcelo Auler
Na ficha de identificação de Antônio, a data do nascimento do filho que estaria sendo treinado para  ser um integrante do Estado Islâmico: e que não constou dos relatórios policiais.
Na ficha de identificação de Antônio, a data do nascimento do filho que estaria sendo treinado para ser um integrante do Estado Islâmico: e que não constou dos relatórios policiais.
Dentro do espírito do Estado Policial que o governo Temer impõe ao país, há quase dois meses 15 pessoas estão presas, sem culpa formada, no que pode ser entendido como “prisão para averiguação” que a Constituição de 1988 derrubou. São apontados como possíveis terroristas ligados ao Estado Islâmico (conhecido como EI ou também  ISIS ou DAWLAT).
Se dependesse do Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal (INC/DPF), eles as prisões se estenderiam por mais dois meses e meio. Foi este o prazo solicitado à justiça para o envio dos laudos do material apreendido nas buscas feitas em 21 de julho. Sem os laudos, o caso tenderia a ficar parado. A solicitação, porém, foi rejeitada pelo juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que estipulou às 18hs da quarta-feira, 14/09, para a entrega dos documentos.
Curiosamente, nos autos do inquérito 5023557-69.2016.4.04.7000, a Polícia Federal omitiu informações nos relatórios enviados ao juiz Josegrei ao fazer os pedidos de prisão temporária e de buscas e apreensões iniciais, que atingiam então 12 suspeitos.
Deixaram de explicar, por exemplo, que um menor que nos diálogos aparecia como sendo treinado para ingressar na organização terrorista, tinha então quatro meses de idade, pouco mais de dez meses quando o pai foi preso em 21 de julho e um ano completado no último dia 5 de setembro.
Também omitiram do juiz o estado civil de um dos suspeitos, que há oito anos vive uma relação homossexual, registrada em cartório há cinco anos como União Estável. Os adeptos do Estado Islâmico juram de morte homossexuais, como mostrou o atentado a uma boate em Orlando (EUA).

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