Lindbergh: Golpe continuado

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por Lindbergh Farias - 17/09/2016

É um show de infâmia! Não se contentaram em afastar uma presidenta eleita com 54 milhões de votos sem prova de crime. Agora, em um patético espetáculo montado em Curitiba, revela-se o intento: querem inabilitar Lula para 2018. Querem inabilitar as urnas.

Está posta a tentativa de golpe continuado. Desnuda-se a intenção desse jogo espúrio dos que tramam a tomada de direitos dos trabalhadores e a entrega do país aos interesses internacionais: imaginam que podem decidir entre eles quem será o candidato a dar continuidade a esse programa antipopular, antidemocrático e ilegítimo de Michel Temer.

Agora ficou definitivamente claro que o golpe não foi somente contra Dilma e seu governo. Na verdade, a regressividade elitista em curso pretende suprimir a possibilidade da vontade coletiva de uma força popular se exprimir através de um líder carismático como Lula e de um partido político de massas como o PT abrir brechas no nosso oligarquizado sistema político. É muito grave o que pretendem fazer: trata-se de congelar o sistema político, torná-lo impermeável às forças dinâmicas da sociedade, a exemplo do que foi o Brasil no Segundo Império (1840-1889) e na República Velha(1889-1930).

As tentativas nesta direção estão sendo dadas na conspiração de inabilitação dos direitos políticos de Lula, impossibilitando o maior líder popular brasileiro de concorrer às eleições presidenciais de 2018. Depois, se a manobra de aplicar um cartão vermelho em Lula não for exitosa, resta tirar um último coelho na cartola: a chamada "solução parlamentarista", que definitivamente selaria o domínio de nosso sistema político pela plutocracia econômica e as carcomidas oligarquias regionais.

Esse embuste não vai se sustentar. A reação já está nas ruas. Vamos continuar denunciando o golpe, vamos continuar mostrando a farsa ao mundo, que, a propósito, já reconhece a deposição sem crime de Dilma e a inquisição a que está sendo submetido Lula.

Não se mata um ideal. Não se apaga um legado de políticas públicas de distribuição de renda e de proteção dos direitos trabalhistas.

Atacam Lula e tentam incriminá-lo por preconceito e ódio. Lula representa tudo o que a elite sectária, parceira do golpe, mais odeia. Lula é aquela pobre criança do sertão nordestino que deveria ter morrido antes dos 5 anos, mas que sobreviveu. Lula é aquele miserável retirante que foi para São Paulo buscar, contra todas as probabilidades, emprego e melhores condições de vida, e conseguiu.

Para essa elite, Lula é aquele candidato que não deveria ter vencido as eleições, mas venceu. É aquele eleito que não deveria ter tomado posse, mas tomou. É aquele presidente que devia ter fracassado, mas teve êxito extraordinário.

Lula é o excluído que devia ter ficado em seu lugar, mas não ficou. Construiu esperança para os brasileiros; é também um exemplo e inspiração internacional de políticas de inclusão social. Lula é esse fantástico novo Brasil que ele ajudou tanto a construir e que, agora, corremos o risco de ver desconstruído.

Lula é vítima de uma campanha por parte de quem nunca se conformou com um pobre viajando de avião, que não concorda com a filha da empregada estar na faculdade do seu filho, que torce o nariz para a nova realidade de a trabalhadora doméstica não ser mais uma semiescrava, que possui direitos, e, sim, sabe defendê-los.

Nos governos Lula e Dilma o Brasil saiu do Mapa da Fome. Com o Brasil Sem Miséria, 36 milhões de brasileiros deixaram a situação de pobreza extrema. A política de salário mínimo deu ao povo poder de compra e garantiu a melhoria da vida da população trabalhadora. Democratizou-se o acesso ao ensino superior, à moradia e à energia elétrica.

Esbraveje elite sectária! Porque esse ódio não vai nos deter. Temos a responsabilidade sobre esse legado; permaneceremos firmes na resistência contra o projeto autoritário de retirada de direitos da classe trabalhadora. Inauguramos, recentemente, nas ruas, uma oposição duríssima à ruptura democrática.

No lado certo da história está o povo que não confia e não respeita o governo de fantoches.


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