Forte aparato policial barra ato na porta de Temer. Domingo tem mais protesto

Caminhada de três quilômetros do Largo da Batata até o Alto de Pinheiros foi tensa, mas terminou pacificamente. Manifestantes prometem voltar: "Temer, seus dias estão contados"
por Redação RBA publicado 08/09/2016 22:23, última modificação 08/09/2016 22:33
NINJA
Fora Temer
Com a manifestação desta quinta-feira (8), já são dez dias seguidos de 'Fora, Temer'
São Paulo – Forte aparato policial impediu que 15 mil pessoas chegassem à residência do presidente Michel Temer, no Alto de Pinheiros, na noite de hoje (8). O grupo, que saiu do Largo da Batata, a três quilômetros de distância, por volta das 19h, protestou contra o golpe, a retirada de direitos inserida nas propostas do governo e pediu eleições Diretas Já. O ato, organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, terminou às 21h, nos arredores da casa de Temer, com a convocação de nova manifestação no domingo (14), às 14h, na Avenida Paulista.

"Eles acharam que a maioria do povo ia aceitar a legitimidade de um Congresso corrupto que votou o impeachment. Uma coisa é ter governabilidade no Congresso, outra coisa é ter governabilidade nas ruas. Isso o Temer não tem, e não vai ter nunca", disse Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ressaltando que as organizações estão nas ruas há dez dias e, "desde a consumação do golpe, as manifestações se intensificam".
O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o golpe é contra os trabalhadores, as mulheres, a juventude e a população LGBT, e que na próxima semana ocorrerão votações importantes relacionadas à proposta de terceirização irrestrita, defendida pelo governo, bem como a flexibilização das regras do pré-sal. Para detê-las, segundo ele, é preciso ocupar Brasília. Ele afirmou que outras mobilizações como essa seguirão ocorrendo, mas que é preciso parar esse país, se referindo à proposta de greve geral no próximo dia 22.
Vagner lembrou que na segunda-feira (12) será realizada a sessão para votar a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou à presidência da Câmara. "Vamos a Brasília impedir o saqueamento do povo brasileiro", avisou.
A PM já havia informado que não permitiria a aproximação, e colocou barreiras nas ruas próximas à residência, fortemente guardada por policiais. Eles se concentraram por cerca de 40 minutos em um bloqueio na Rua Massacá, onde gritaram palavras de ordem, e prometeram retornar.
"A casa grande hoje está tremendo, porque a senzala veio fazer uma visita. Temer, seus dias estão contados, golpista", disse Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP). O ativista defendeu que é preciso combinar o 'Fora, Temer' com o 'Fora, Alckmin'. Segundo ele, o governador é o responsável pela repressão violenta dos últimos protestos. E prometeu: "Na próxima, não vamos vir conversar. Vamos na casa do golpista botar ele para correr".
O ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT) disse que a cada semana aumenta a insatisfação popular com a decisão tomada pelo Senado de afastar a presidenta Dilma Rousseff, e recomendou que Temer e o Senado estabeleçam uma consulta à população.
A proposta de Suplicy é para que a consulta pública ocorra junto com as eleições municipais, em outubro, cabendo ao povo se manifestar pela permanência ou não de Temer na presidência. Se rejeitado, Temer deveria convocar novas eleições livres e diretas até dezembro. De acordo com a Constituição Federal, se o presidente for afastado nos dois últimos anos de mandato, a eleição para o cargo se daria de forma indireta.

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