Empresas de banqueiros ligadas a partidos políticos estão envolvidas com firmas no exterior

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Uma nova investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) apontou que grandes empresários, um dos fundadores do Partido Novo e um ex-presidente do BNDES estão entre os brasileiros donos de empresas offshore nas Bahamas, de acordo com levantamento do Blog do Fernando Rodrigues no Uol. Entre os nomes levantados está o de Sérgio Cutolo Santos, do BTG Pactual, e Luiz Henrique Fraga, do Gávea Investimentos.
A ICIJ tornou público um banco de dados com 175 mil registros de empresas nas Bahamas, com centenas de pessoas físicas e jurídicas do Brasil, entre políticos e agentes públicos, grandes empresários, executivos de grandes empresas e dirigentes de estatais e partidos políticos. 

Ter uma offshore não é ilegal, mas o brasileiro precisa declará-la em seu Imposto de Renda. Em caso de remessa de dinheiro ao exterior, valores acima de US$ 100 mil devem ser informados ao Banco Central brasileiro. O jornalista destaca, contudo, que qualquer pessoa que abre uma empresa em seu país tem seus dados divulgados, mas os negócios de uma elite no exterior costumavam ficar longe do domínio público, acessíveis apenas pessoalmente na capital das Bahamas ou de forma incompleta e paga na web.
O ICIJ, com a Bahamas Leaks, dá acesso a essas informações de empresas registradas nas Bahamas de forma gratuita e sem necessidade de registro, por meio do banco de dados Offshore Leaks. Os dados incluem nome da offshore, data de criação, endereço físico do empreendimento e até nomes dos diretores da empresa, em alguns casos
Sérgio Cutolo dos Santos foi um dos brasileiros identificados pelo Blog com offshores registradas nas Bahamas. Ex-ministro da Previdência e ex-presidente da Caixa Econômica Federal, ele é sócio do BTG Pactual e diretor da offshore SCS Securities Limited. Outro sócio, Guilherme da Costa Paes, também consta no registro como diretor da offshore GCP Securities Limited. A assessoria do BTG atesta que as empresas são declaradas à Receita Federal. 
André Esteves, que também é do BTG Pactual e é investigado pela Operação Lava Jato, aparece nos registros com as offshores Latin Holdings Investment Corporatione ASE Securities Limited, conforme divulgado na semana passada pelo Blog. De acordo com a assessoria, as duas empresas são declaradas à Receita Federal.
Outro brasileiro listado pelo jornalista é o economista Luiz Henrique Fraga, diretor da Cypress Point Asset Management Inc. Ele é sócio-fundador da Gávea Investimentos junto com o primo Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Fernando Rodrigues enviou e-mail para Fraga, mas não teve retorno. 
Confira outros brasileiros listados no levantamento de Fernando Rodrigues
- Guilherme Horn, executivo financeiro da Accenture, aparece relacionado à offshore GH Holdings Limited. Não houve resposta sobre a situação da empresa
- Dilson Pereira da Silva e Eliane Pereira da Silva Santana, sócios da atacadista Arcom, estão ligados às offshores DM Invest Ltd. e Indianapolis Enterprises Ltd., respectivamente. Não houve retorno sobre a situação das duas.
- Emerson Loureiro, superintendente de tesouraria e ex-presidente do Banco Original, é diretor da offshore Saturn Ventures Limited, que está declarada à Receita Federal.
- Jacob Joseph Safra, filho do banqueiro Joseph Safra e atual diretor do grupo, é citado como dono das offshores Strategic Investments Fund I, Strategic Investments Fund II,Strategic Investments Fund III e Strategic Investments Fund IV. As empresas estão declaradas, de acordo com a assessoria.
- Roberto de Oliveira Campos Neto, executivo do Banco Santander, é diretor da offshore Peacock Asset Ltd. Ele informou ao jornalista que a empresa foi criada para realizar investimentos, sem vínculo com o Santander, e está declarada.
- Pedro e Alexandre Grendene Bartelle, irmãos fundadores da Grendene, estão relacionados à Emerald Ridge Investments Limited, que uma "subsidiária [de] integral propriedade de EPC Investment", esta declarada ao Imposto de Renda, de acordo com nota.
- Antonio Carlos Dantas Mattos, Luis Patricio Miranda de Avillez, Pedro Luiz Bodin de Moraes, Alarico Silveira Neto, Luciano Soares e Ricardo Coelho Taboaco, diretores e conselheiros do Grupo Icatu, estão associados à offshore Nalbra Fund Inc. A assessoria informou que a offshore está declarada à Receita Federal e se ''enquadrada nas normas legais, com balanços auditados''.
- José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho, está relacionado à offshore New World Real Estate Services Limited. O filho dele, Paulo Daudt Marinho, executivo do Grupo Globo, aparece como diretor da offshore Canary Global Ltd. A assessoria informou ao Blog que as duas empresas foram declaradas à Receita Federal.
- Pedro Igel de Barros Salles, neto de Ernesto Igel, fundador da 1ª distribuidora de gás de cozinha no Brasil, do Grupo Ultra-Ultrapar, tem a offshore Lincoln Hill Holdings Limited, declarada à Receita Federal, de acordo com Salles.
- André Luis Rodrigues, Wilmar Rodrigues e Eduardo Camara, executivos da JHSF Participações, aparecem relacionados à offshore JHSF International Limited, comprada como parte de uma negociação informada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2016. De acordo com a assessoria, os três não administram mais da offshore.
- Família Rodrigues Gouvêa, filhos do fundador das lojas Leader têm, pelo menos, 7 offshores nas Bahamas. Eles informaram que todas elas são legais, abertas logo após a venda da participação da família ao BTG Pactual em 2012.
- Vitor Hugo Roquete, sócio da corretora Opus, aparece relacionado à offshore VH Holdings Ltd, declarada em seu Imposto de Renda.
- João Dionísio de Amoêdo, presidente e fundador do Partido Novo, tem uma offshore em Nassau, capital das Bahamas, a Miramare Project Investment Ltd, declarada no IR.
José Pio Borges de Castro Filho, empresário e ex-presidente do BNDES, e o sócio Luiz Fernando Bodstein, da consultoria RJX Capital, estão listados na offshore RJX Capital Ltd. Castro Filho disse por telefone ao Blog que não tem offshore.
Gilberto Sayão, sócio do Vinci Partners e ex-acionista do banco Pactual, aparece na lista vinculado a Latin Holdings Investment Corporation e a EP Holding Ltd. Ele informou por assessoria que suas declarações de bens e renda sempre estiveram em conformidade com a legislação.

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