Em debate, Haddad valoriza gestão, Erundina ataca Doria e Marta defende Temer

Prefeito destacou setor de transportes e questão fiscal como pontos fortes de seu mandato. Russomanno atribuiu queda em pesquisas a pouco tempo de televisão e Olímpio atacou a corrupção tucana
por Eduardo Maretti, da rBA publicado 23/09/2016 17:22, última modificação 23/09/2016 17:38
ALOISIO MAURICIO /FOTOARENA/FOLHAPRESS
Haddad
“Sou do PT e não escondo. Quem esconde são outros candidatos, como a Marta", disse prefeito
São Paulo – O debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo promovido na tarde de hoje (23) por SBT, UOL e Folha de S. Paulo começou morno, com os candidatos cautelosos e estudando os adversários, mas esquentou a partir do segundo bloco. O prefeito Fernando Haddad (PT) manteve a estratégia de esclarecer a população sobre o que realizou durante seu governo. Ele já vinha dizendo desde o início da campanha que usaria a televisão para explicar ao eleitor como tem governado e o que realiza.
Ao ser questionado por Celso Russomanno (PRB), por exemplo, segundo o qual a saúde “não funciona” na cidade, rebateu: “O tema tem sido explorado de maneira irresponsável”. "Se continuarmos expandindo a Rede Hora Certa, vamos diminuir a fila na saúde”, disse. Entre os assuntos que mencionou sobre sua gestão, destacou os transportes. “Ninguém fez mais pelo transporte do que essa administração. São 400 quilômetros de faixas na cidade inteira. Colocamos a recarga do Bilhete Único dentro do ônibus, wi-fi dentro do ônibus.”

Haddad também mencionou como um dos pontos principais de sua gestão a maneira como administrou a questão fiscal num momento de “crise muito séria”. "Mesmo atravessando a crise econômica, reduzimos a dívida pública a menos da metade, atraindo investimentos."
O prefeito também se defendeu e partiu para o ataque ao ser questionado sobre seu partido. “Sou do PT e não escondo. Quem esconde são outros candidatos. Por exemplo, o apoio da Marta ao governo Temer, que quer congelar por 20 anos as verbas para educação e saúde", afirmou. “Fui ministro do governo Lula, o que mais ampliou as oportunidades da educação de nível superior. Criei o ProUni e fiz a maior expansão das universidades federais.” E acrescentou: "O lado que estou é o mesmo desde sempre. Estou ao lado do trabalhador, de quem mais precisa".

Caviar

A candidata Luiza Erundina (Psol) usou estratégia agressiva contra o candidato tucano João Doria. Ela lembrou, por exemplo, a denúncia de que o tucano recebeu R$ 1,5 milhão do governo do correligionário Geraldo Alckmin (PSDB) por anúncios veiculados em sete revistas da Doria Editora. “O senhor deve gostar muito de caviar”, atacou a ex-prefeita paulistana, em referência à revista Caviar Lifestyle, uma das que receberam verbas do Executivo paulista.
A candidata do Psol também foi incisiva sobre a polêmica de uma área pública de 400 metros quadrados, em Campos de Jordão, que Doria anexou a uma propriedade sua e pela qual brigava na Justiça. O tucano respondeu afirmando que o debate não era sobre Campos do Jordão, mas sobre São Paulo, e disse que vai devolver o terreno.
Questionada sobre o tema “tarifa zero”, o principal mote das manifestações de junho de 2013, Erundina declarou que pretende instituir a ideia nos finais de semana e implementá-la gradativamente, inicialmente dentro dos bairros, não no transporte de um bairro para outro.
No bloco em que os candidatos foram perguntados por jornalistas, a candidata Marta Suplicy (PMDB) foi questionada sobre falar pouco de sua aliança com Michel Temer, e se teme falar do presidente chamado de golpista. Ela negou que evite falar do peemedebista. “Votei no impeachment porque ouvi os argumentos e fiquei convencida de que tinha improbidade administrativa e problema político. Não foi um golpe, respeitou todos os ritos. Acredito firmemente que Temer vai tirar o país da crise.”
Sua aliança com Temer também foi alvo de ataque de Major Olímpio (SD). “A PEC 241 vai criar caos em educação e a saúde”, disparou o candidato do mesmo partido do deputado Paulinho da Força (SP). “O encaminhamento de seu partido e do presidente é manter congelamento em saúde e educação também”, acrescentou. A candidata defendeu a PEC 241, mas afirmou discordar da limitação de teto de gastos dos dois setores mais sensíveis. “Tenho essa preocupação. É correta a proposta do teto, mas (o gasto com) saúde e educação não deve ser limitado.” Esse posicionamento é indicativo de que Temer deverá ter dificuldades em aprovar a PEC 241 com o texto original.
O estilo metralhadora giratória de Olímpio também se virou para o tucano. O candidato de origem militar cobrou explicações de João Doria sobre a corrupção do PSDB, citando o cartel do metrô de São Paulo e o escândalo da merenda. Doria tentou justificar esse e outros ataques mantendo uma postura fleumática e disse que o PSDB “não comete, mas apura a corrupção”. O candidato de Alckmin repetiu a argumentação reiteradamente utilizada por seu padrinho político, dizendo que o governador de São Paulo identifica os carteis “e pune quem faz (corrupção)”.
No bloco em que os candidatos foram questionados por jornalistas, Russomanno foi chamado a justificar o fato de ter caído de 31% para 22% na pesquisa mais recente (do Datafolha) e se o “tombo” de 9% indica a repetição de 2012, quando liderava as pesquisas até as vésperas das eleições, mas acabou não chegando nem sequer ao segundo turno, que foi disputado entre Haddad e José Serra (PSDB). O candidato do PRB atribuiu a queda nas intenções de voto ao pouco tempo de televisão.
Ao afirmar que a Rede Hora Certa não funciona, Russomanno foi rebatido por Haddad. “Você colocou no seu plano de governo que vai expandir (o programa). Ou vai expandir ou critica, não dá pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo.”

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