Em ataque indireto a Temer, Cunha sugere que Ministro da Privataria é corrupto e revela fissura na base do governo golpista


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Da Redação - Viomundo - 17 de setembro de 2016 às 21h35
Em entrevista ao Estadão, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha deixou claro que uma enorme fissura se estabelece nas bases do governo golpista de Michel Temer, que ele ajudou a instalar antes de ser cassado por corrupção.
A avaliação de Cunha sobre o governo vai ao encontro da apresentada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à IstoÉ: há divisões internas.
FHC criticou Temer pela falta de capacidade de explicar à população as amargas medidas econômicas que o PSDB quer que ele, Temer, tome.
Cunha, de sua parte, acusou o PSDB e o DEM de pretenderem tomar o governo “na mão grande”.
A soma dos que não votaram pela cassação de Cunha na Câmara foi de cerca de 60 deputados.

Porém, ele é tido como um bom intérprete dos anseios do Centrão do PMDB, que derrubou Dilma Rousseff ao retirar apoio parlamentar da petista.
Nas últimas semanas, líderes do PSDB tem insistido, muitas vezes através de seus porta-vozes na mídia: Temer tem de adotar já as medidas amargas do “ajuste fiscal”, dentre as quais as reformas trabalhista e da Previdência.
Na entrevista ao Estadão, Cunha disse que um dos problemas de Temer é pretender adotar uma política econômica com a qual não foi eleito como vice de Dilma.
O ex-presidente da Câmara também atacou o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do qual já foi aliado. Referiu-se a ele como “vagabundo”. Na noite da cassação de Cunha pela Câmara, a filha de Garotinho, Clarissa, dedicou a Cunha palavras fortes:
“Eduardo Cunha é um mafioso da pior espécie, teve coragem de colocar milhões de dólares na conta de uma menina, sua filha, e também usou sua mulher para encobrir falcatruas. Se a corrupção pudesse ter uma face esculpida, um quadro pintado, ele seria certamente de Eduardo Cunha. Mais do que mentiroso, ele é um cínico, frio e calculista”.
Os ex-aliados hoje disputam influência no importante eleitorado evangélico do Rio de Janeiro.
Reafirmando que pretende escrever um livro sobre os bastidores do impeachment, Cunha começou publicamente a “delatar” o governo Temer.
Atacou Moreira Franco:
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Uma das acusações a Cunha é de que ele teria cobrado mais de R$ 50 milhões em propina de uma empreiteira carioca para liberar dinheiro do Fundo de Investimento da Caixa para as obras do Porto Maravilha, de revitalização do centro antigo do Rio.
O que Cunha sugeriu na entrevista é que Moreira Franco, como arquiteto do FI-FGTS, montou o esquema do qual ele teria sido mero operador.
Moreira Franco é hoje o Ministro da Privataria de Temer. Segundo Cunha, quando as investigações avançarem a permanência dele, Moreira, no governo, se tornará insustentável.
Próximo de Temer, Moreira é secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, visto como essencial pelo governo para gerar empregos em obras de infraestrutura.
Nos governos FHC, a privatização que Moreira agora pretende comandar foi marcada por denúncias de favorecimento e corrupção.
O agravamento da crise interna no governo golpista acontece num momento em que o ímpeto das manifestações de rua é testado, uma greve de advertência está marcada — para o próximo dia 22 — e uma greve geral está em organização.
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