The Saker: Opções militares russas na Síria e na Ucrânia
15/8/2016, The Saker, Unz Review
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
As duas últimas semanas foram pródigas em desenvolvimentos militares que afetam diretamente a Rússia:
Síria:
1) A Rússia anunciou que converterá o campo de pouso Khmeimim em base militar completa, com força tarefa permanentemente alocada.
2) Rússia deslocará seu pesado transporte de aviões armado com mísseis cruzadores (que o ocidente frequentemente chama de "aircraft carrier") Admiral Kuznetsov para o Mediterrâneo ocidental para checar as capacidades de combate da nave e do grupo de ataque que transporta, e para unir-se, pela primeira vez, aos helicópteros Ka-52K de última geração.
Ucrânia:
1) Depois do fracasso dos ucronazistas, que não conseguiram infiltrar sabotadores na Península da Crimeia ,ação que o presidente Putin chamou de ação "estúpida e criminosa", Poroshenko agora ordenou que sejam reforçadas suas forças militares na fronteira com a Crimeia e o leste da Ucrânia e pôs seus militares sob alerta máximo.
2) As autoridades em Kiev decidiram não aceitar as credenciais do novo embaixador russo à Ucrânia.
3) O presidente Putin declarou que, nesse contexto, criar negociações com Kiev é ação "sem sentido".
Embora não sejam diretamente conectados, todos esses itens apontam para uma possível escalada militar, que pode resultar em a Rússia ter de engajar seus militares em operações de combate na Síria, Crimeia e Novorrússia. Por isso, faz perfeito sentido passar em revista, nesse momento, as opções russas em todos esses teatros de guerra.
Teatro sírio
Há muitos mal-entendidos em torno das opções militares dos russos na Síria. Assim como a grande intervenção militar russa que chegou a ser inicialmente esperada jamais aconteceu (a intervenção russa real foi muito limitada, tanto em tamanho quanto em tempo), o reforço do campo de pouso na base aérea Khmeimim não resultará em grande mudança estratégica no equilíbrio regional de poder. Para os que tenham esquecido:
Primeiro, a base naval russa em Tartus não é uma "base naval" de verdade. É um porto que a Marinha Russa usa, mas não tem capacidade para receber grandes navios e não está defendida como é padrão para as bases militares russas. De fato, os russos falam de Tartus como um "пункт материально-технического обеспечения" ou "ponto de abastecimento técnico-material". É possível, até provável, que, adiante, a Rússia venha a expandir e reforçar Tartus, mas no momento e no futuro que se pode antever, Tartus não será posto avançado de importância decisiva para a Marinha Russa.
Segundo, a base aérea em Khmeimin está numa localização muito perigosa: a menos de 1.000km da fronteira russa, e a apenas 50km da fronteira turca. Também está bem no meio, entre "área de responsabilidade do CENTCOM dos EUA e da OTAN. Não é, de modo algum, ponto do qual alguém se poria a ameaçar forças dos EUA. Terceiro, tampouco é locação que a Rússia defenderia com forças nucleares.
O ministro da Defesa Shoigu de fato, já disse claramente qual o objetivo da presença russa em Khmeimim: a) atacar terroristas e b) defender cidadãos russos. Mais uma vez, são objetivos muito limitados, que serão alcançados com meios equivalentemente limitados. Na verdade, Khmeimim também passará a ser um nodo crucial de inteligência para a Rússia e, tão logo a base aérea seja expandida, as capacidades russas para busca e resgate estarão dramaticamente aumentadas. Para essas duas missões, forças especiais russas ficarão estacionadas permanentemente naquela base.
Terceiro, os russos aumentarão o tamanho das pistas para torná-las acessíveis para os mais pesados aviões de transporte da Força Aérea Russa. Mas ainda assim, a característica fundamental da base aérea Khmeimim continuará a ser a vulnerabilidade devida à localização e à longa distância que a separa da Rússia.
Quanto à mobilização do [porta-aviões] Kuznetsov, que é, em primeiro lugar, uma formidável nave de defesa, permitirá que os russos obtenham quadro muito mais rico da inteligência de sinais na região, e garantirá sólida proteção ao porto de Tartus e à base em Khmeimim. Quanto à mobilização, pela primeira vez, dos [helicópteros] Ka-52K (que foram projetados para serem usados nos [anfíbios] "Mistrals" franceses) será teste colateral, mas não alguma espécie de fator de mudança crucial de jogo naquela guerra.
Tudo considerado, os russos quase com certeza estão ampliando as próprias capacidades e o alcance de suas opções para escolher diferentes possibilidades, conforma a situação evolua. Nesse ponto, não há qualquer sinal de grande mudança na posição dos russos: desde a "semirretirada" das Forças Aeroespaciais Russas que estavam na Síria, a Rússia continua a contar, primeiramente, com seus bombardeiros de longo alcance (Tu-22M3). Esses, se for preciso, podem ser suplementados por grupos de ataque de Su-34/Su-30/Su-35 que decolam do sul da Rússia.
Teatro ucraniano
A situação na Ucrânia é muito mais difícil de prever que a da Síria, como já há muito tempo. Quase todas as semanas veem-se avisos de ataque ucraniano, algumas vezes anunciados como "iminentes", e o ataque nunca acontece. O mais perigoso nesses falsos avisos é que não sejam falsos e que os tais ataques possam mesmo acontecer praticamente todas as semanas. O pior de tudo é que há agora um fenômeno de "menino que grita "O lobo!", e rapidamente todos se cansam de tantos avisos e alertas ucranianos. Problema é que, claro, a cada dia que passa o ataque dos ucranianos é mais e mais provável.
Há os que dizem que ataque ucronazista contra a Crimeia seria suicídio, e estão corretos; e que um ataque ucronazista contra a Novorrússia seria quase absolutamente impossível, e também acertam. Pressupostos aqui são (1) que o regime seria capaz de cálculo racional e (2) que o objetivo do ataque seria a vitória.
Na realidade, a vitória jamais foi objetivo dos ucronazistas. O que sempre quiseram é ainda querem é arrastar a Rússia para guerra aberta. Os próprios ucronazistas iludem-se, eles mesmos, na esperança de que conseguirão fazer o que os croatas fizeram em 1995, quando, apoiados por todo o poder aéreo da OTAN, atacaram os servo-croatas (desarmados) nas chamadas "Krajinas". Na realidade, a situação no Donbass é totalmente diferente: primeiro, os novorrussos não estão desarmados, como estavam os sérvios das chamadas Krajina (todas as "armas pesadas" deles estavam em depósitos controlados da UNPROFOR); segundo – diferentes nisso dos infelizes sérvios (que foram traídos por Milosevic) –, os novorrussos sabem que, se as coisas ficarem realmente graves, a Rússia os apoiará, inclusive com ataques de artilharia de longo alcance (como a Rússia já fez em julho de 2014), que já ninguém nega. Quanto à Crimeia, até os mais iludidos ucranianos já devem ter visto, mesmo que não admitam, que jamais conseguirão retomar a Crimeia.
O problema para a Rússia é que, enquanto o regime de vai lentamente tombando na total irrelevância, ainda há uma coisa que a Ucrânia pode oferecer ao Império Anglo-sionista: ela mesma, como bode expiatório, num desesperado esforço para forçar os russos a uma intervenção, o que converterá a atual "guerra morna" entre OTAN e Rússia em guerra irreversível, ou até "quente". Um contra-ataque russo aberto no Donbass, ou mesmo vindo da Crimeia, seria como todos os sonhos dos neoconservadores norte-americanos realizados ao mesmo tempo.
Até aqui, os ucronazistas a única coisa que os ucronazistas têm sido capazes de fazer é bombardear incansavelmente os civis nas Repúblicas Populares de Donetsk (RPD) e de Lugansk (RPL), as quais, sem nenhuma capacidade para sobreviver sem a ajuda de Moscou, tem sido obrigada a conviver com aquela infâmia, apesar dos milhares de civis inocentes que são mortos todos os dias. Há também muitos sinais indiretos de que as capacidades militares dos novorrussos decaíram dramaticamente ao longo do ano passado, o que torna ainda mais frustrante para eles conviver com as repetidas provocações e os assassinatos de civis. Mas o Kremlin, evidentemente, decidiu que um fluxo constante de civis assassinados no Donbass ainda é 'preferível' a operação militar em larga escala seguida – desenvolvimento que frequentemente é deixado de lado, como se não existisse – da ocupação de alguma parte do território ucraniano. Fato é que, depois que você ocupa, você se torna responsável pela terra ocupada. Ninguém na Rússia tem interesse em arcar com os custos de uma guerra e subsequentes ocupação e reconstrução de um território que está atualmente sob controle dos ucronazistas. Feitas as contas: porque dar ao governo de Kiev um colete salva-vidas que afaste de lá a atenção do mundo, justo quando o próprio governo de Kiev já está fazendo trabalho tão bem feito de se autodestruir sem descanso?
O paradoxo aqui é que a força russa é ao mesmo tempo a fraqueza russa: tudo indica que os novorrussos são capazes de não apenas deter um ataque dos ucronazistas como, além disso, de responder com contra-ataque operacionalmente profundo. Assim, o mais provável é que a própria Rússia não venha a ser arrastada para guerra aberta em defesa do Donbass. Mas na Crimeia não há novorrussos, nem Repúblicas Populares de Donetsk ou Lugansk. Na Crimeia só há russos, e Crimeia é Rússia. Assim, qualquer ataque ucronazista à Crimeia seria ato direto de guerra contra a Rússia que a Rússia não pode ignorar e ao qual não pode responder com uma operação combo "voentorg" + "vento norte" (voentorg: fornecimento clandestino de armas; "vento norte": fornecimento clandestino de especialistas militares).
Se a Crimeia for atacada, os russos terão de contra-atacar, queiram ou não queiram.
Se acontecer assim, o contragolpe russo será, provavelmente, limitado, focado, provavelmente, nas forças diretamente responsáveis pelo ataque. Mas se os ucronazistas usarem a artilharia deles de posições bem entrincheiradas, para lançar fogo pesado contra as cidades do norte da Crimeia, ou se, Deus nos livre, os ucronazistas usarem mísseis balísticos para atingir grandes centros urbanos na Crimeia, os russos não terão escolha senão o contra-ataque, que terá de rápido e decisivo. E sabe-se que, desde 8/8/2008, o ocidente *sempre* culpa a Rússia, mesmo que o país tenha sido, antes, atacado.
Em termos puramente militares, qualquer conflito entre as forças armadas russas e os ucronazistas seria um massacre: a única coisa que os ucranianos podem levar ao campo de batalha são números, mas em termos de armamentos os russos são muito superiores, quantitativamente e, ainda mais, qualitativamente. A artilharia russa é muito superior a qualquer coisa que haja no ocidente, e os efeitos dela sobre os militares ucranianos já foram devastadores, no passado. A Rússia tem uma combinação única de Veículos Aéreos Não Tripulados (ing. UAV, Unmanned Aerial Vehicle) e capacidades para guerra eletrônica (ing. EW, Electronic Warfare) diretamente conectadas aos sistemas de alvo de lançadores múltiplos de foguetes russos, capazes de alcançar até 90 km dentro da retaguarda inimiga. Por fim, os russos trabalham há anos em submunição avançada e ogivas termobariátricas que podem ser usadas com efeito devastador contra forças blindadas e posições fortificadas.
Esse combo de UAV e lançadores avançados múltiplos de foguetes formam o que os russos chamam de um "complexo de ataque de reconhecimento (ing. "reconnaissance-strike complex", RSC, ru. разведывательно-ударный комплекс), conceito que os soviéticos desenvolveram nos idos dos anos 1960s. O RSC integra à perfeição todos os seguintes elementos: reconhecimento, orientação, contramedidas eletrônicas, navegação e engajamento de armas de alta precisão.
Agora, com o advento dos novos UAVs e radares antibateria, o conceito chega à plena maturidade e é hoje a pedra basilar das operações russas de armas combinadas. O que tudo isso significa em termos práticos é que os russos têm agora capacidade para destruir completamente vários batalhões mecanizados em apenas 2/3 minutos. E nada há, nada, absolutamente nada, que os ucranianos possam fazer contra isso.
Os russos também têm armamento superior, capacidades superiores para guerra eletrônica, forças aeroespaciais superiores, inteligência e capacidade para reconhecimento de melhor qualidade, treinamento de melhor qualidade – considere-se qualquer desses e de outros campos, os russos são superiores. Os ucranianos não têm nenhuma chance em confronto direto com os russos.
Um dos golpes mais imundos aí envolvidos é a noção de que, se os EUA entregassem "armas letais" à Ucrânia, elas fariam qualquer diferença. As capacidades russas são hoje muito superiores às ucranianas, na mesma proporção em que os militares norte-americanos eram superiores aos militares iraquianos em 1990, na operação "Tempestade no Deserto". Embora em 1991 os militares ucranianos fossem nominalmente em maior número que os russos (o exército ucraniano herdou todo o segundo escalão das forças estratégicas soviéticas), eles não tiveram uma guerra na Chechênia que os obrigasse a se reorganizar como os russos tiveram, nem tiveram presidente como Vladimir Putin que, no instante em que chegou ao poder, iniciou reforma militar vastíssima, cujos frutos afinal se veem hoje. Resultado, os russos já conseguiram vários avanços de importância generacional, e os ucranianos então travados nos equipamentos dos anos 1980s, com exército completamente desorganizado, corrupto e incompetente. A Ucrânia precisará de décadas para alcançar os russos, e, isso, só depois de acontecido algum tipo de milagre econômico hoje altamente improvável.
Conclusão:
As guerras na Síria e na Ucrânia são – como acontece tão frequentemente – largamente predeterminadas pela geografia. Não há na verdade coisa alguma que a Rússia possa fazer, que faça sentido e oponha-se diretamente aos militares dos EUA no Oriente Médio ou no Mediterrâneo. Assim também, nada há que os EUA possam fazer, de significativo e que se oponha diretamente às forças armadas russas no leste da Ucrânia. Por isso, precisamente, os dois lados tentarão agir indiretamente, pelas margens, via procuradores, mas sem se exporem diretamente.
Por mais que essa estratégia seja fundamentalmente firme e confiável, é também estratégia perigosa, porque guerra indireta, com uso de 'procuradores' nomeados, é muito mais difícil de controlar e deixa os dois lados expostos a provocações, ataques sob falsa bandeira e envolvimento clandestino de terceiros. Esse é o motivo pelo qual aquelas duas guerras são tão frustrantes para quem as queira examinar: por um lado, todos os tipos de cenários mais altamente especulativos, nem por isso podem ser simplesmente descartados; mas por outro lado, nada de importante parece estar jamais acontecendo. E quando alguma coisa finalmente acontece, não se consegue ver com clareza as consequências possíveis. Finalmente, as duas guerras incluem atores altamente ideológicos e fundamentalmente não racionais (os ucronazistas, os doidos do Daech, os neoconservadores), dos quais não se pode supor que ajam racionalmente. Infelizmente, todas as teorias da contenção sempre assumem ator racional. Mas, agora... como se pode conter um maníaco ensandecido que ouve vozes e vê fantasmas?
As opções russas nesses dois conflitos são limitadas por circunstâncias objetivas e por considerações políticas maiores.
Eu diria que a Rússia fez serviço absolutamente sensacional na Síria, com meios muito limitados e em ambiente supremamente perigoso. Quanto ao Donbass, minha avaliação é muito mais nuançada. Embora eu realmente creia que a Rússia tomou a decisão correta ao não enviar abertamente suas forças armadas para o leste da Ucrânia, tenho também de admitir que a Rússia errou muito quanto ao timing e mostrou, mesmo, grave indecisão, ao lidar com os doidos nazistas em Kiev: os russos demoraram muito para organizar o Voentorg e o "Vento do Norte" e pôr as duas operações em funcionamento, e, apesar de essa ser a resposta correta, demorou tempo demais para tornar-se plenamente efetiva.
Além disso, há também a questão do (hoje já ex-)embaixador russo em Kiev, Mikhail Zurabov, que absolutamente nada fez do que teria de fazer para que as coisas realmente acontecessem (por qual motivo foi mantido por tanto tempo no posto, ainda é um mistério, para mim). Sim, é verdade que Zurabov não tinha com quem falar, mas isso não justifica que tanto conversassem e vivessem como velhos camaradas, ele e Poroshenko, como se sabe que acontecia. Agora afinal os russos nomearam embaixador competente para aquele posto, Mikhail Babich, cujas credenciais os ucranianos ainda não se decidiram a receber, evento que, aparentemente, o Kremlin está aceitando com bizarra 'isenção'.
Em dezembro, Putin também nomeou outra figura muito poderosa, Boris Gryzlov, como membro permanente do Conselho de Segurança da Federação Russa; representante plenipotenciário da Federação Russa no Grupo de Contato para resolução da situação na Ucrânia. Demorou muito, mas agora, afinal, com Gryzlov e Babich envolvidos, a Rússia finalmente pode contar com personalidades de alta octanagem para o processo das negociações relacionadas à guerra na Ucrânia. Mais uma vez, decisão acertada, mas excessivamente demorada.
É possível que haja aí indícios de que os russos tenham informação de que algo coisa realmente grande acontecerá com a Ucrânia? É possível. Não sei, mas tudo me parece sugerir que se preparam para alguma coisa.
Quanto à Síria, os russos estão tentando ampliar as próprias opções, mas é pouco provável que alguma coisa de mais importante aconteça antes do início do próximo governo dos EUA. Além do mais, com Erdogan ainda ocupado com derrotar toda e qualquer oposição, ainda não se vê com clareza que rumo a Turquia escolherá depois de completados os expurgos.
E agora isso, notícia que acaba de chegar:
Segundo a rede al Masdar news (https://www.almasdarnews.com) , o Irã acaba de garantir à Rússia o direito de usar a Base Aérea Hamedan, no oeste do Irã. O artigo original, intitulado (ing.) "Rússia dispõe jatos numa Base Aérea iraniana para combater insurgentes na Síria (imagens)" (https://www.almasdarnews.com/ article/Rússia-deploys-jets- iranian-airbase-combat- insurgents-Síria-pictures/), afirma ainda que as fotos mostram aviões russos Tu-22M3s já pousados no Irã. **Se** for verdade, é movimento muito significativo. Diferente de Khmeimim, Hamedan é local seguro e perfeitamente posicionado para servir como base de ataques militares na Síria e em outros pontos no Oriente Médio. Mas há um problema: a rede al Masdar é projeto israelense, um dos que constituem o Israel Project, "organização de diplomacia pública financiada pelos EUA desde o pico da Segunda Intifada". Verifiquei com uma fonte iraniana bem informada, e a fonte, pelo menos por hora, nada confirmou quanto a alguma nova base. O blogueiro russo "Colonel Cassad", contudo, investigou o que pôde, por conta própria, e parece estar aceitando como plausível a informação.Outras fontes russas também estão confirmando que a Rússia teria pedido ao Irã autorização para que mísseis cruzadores russos atravessem espaço aéreo iraniano. Parece, sim, que a colaboração entre Irã e Rússia está-se reforçando, o que é, claro, muito boa notícia.
Finalmente, se Erdogan fala sério sobre colaborar com Rússia e Iran contra o Daech, nesse caso só resta à Turquia abrir o espaço aéreo turco para ataques aéreos e com mísseis dos russos contra o Daech. Se acontecer, a Rússia terá à sua escolha quatro pontos dos quais disparar os ataques: Crimeia, sul da Rússia (Abkhazia), Khmeimim na Síria e, se acontecer, Hamedan no Irã.
Local que se deve manter bem à vista é a pista militar de pouso e decolagem de Bombora, perto de Gudauta, na Abkhazia. Segundo o site Lentra.ru, a pista principal mede 4 km (aqui, há um erro: o comprimento real é de 3km) e termina sobre o mar, o que permite decolagem a baixíssimas altitudes, com os aviões abaixo dos radares (imagem). A pista está atualmente protegida por cerca de 4 mil soldados russos alocados na Abkhazia, equipados com os mais modernos sistemas russos de amamento e que constituem a espinha dorsal da 7ª Base russa [mais, sobre essa baseaqui (de fonte anti-Rússia) e aqui (com fotos realmente interessantes). Esse campo de pouso e decolagem tem localização ideal para tornar-se importante ponto de entroncamento para as operações das Forças Aeroespaciais Russas.
ATUALIZAÇÃO:
Primeiro, como Aram Mirzaei observa com acerto, cometi um erro e confundi dois websites chamados Al-Masdar (fonte): Um é o projeto israelense a que o artigo faz referência, cujo editor-chefe é Shimrit Meir. Esse website leva o nome de Al-Masdar.net. O outro, é Almasdarnews.com, pró-Síria-Irã-Rússia. Peço desculpas pelo erro.
Segundo, parece que Almasdarnews.com está correto. Vários websites iranianos estão noticiando que está em curso o processo de instalação dos russos na Base Aérea Hamedan.[1]
RT também está citando o artigo de Al-Masdar e, assim o confirma, por via indireta: https://www.rt.com/news/ 356098-russian-bombers-iran- hamadan/
Aí está desenvolvimento extremamente importante e positivo, que mostra que a cooperação militar entre Rússia e Irã alcançou novo patamar; é também desenvolvimento que terá impacto importante na guerra em curso. São notícias muito, muito boas.*****
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