Temer “governa como se fosse pela eternidade”, diz Padilha
Às vésperas da votação do impeachment no Senado, o governo do usurpador Michel Temer (PMDB) escancara o jogo da conspiração para levar adiante o afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff. O ministro provisório da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quinta-feira (11), durante audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado, que o Desenvolvimento Agrário voltará a ser um ministério a partir de setembro, ou seja, após a votação do impeachment.
Por Dayane Santos
E os articuladores do golpe não escondem. Segundo Padilha, Temer já definiu que, logo após o Senado votar pela aprovação do impeachment, irá recriar o ministério, mas disse que a decisão foi porque ele não tem tempo de cuidar das questões que envolvem o ministério.
“Eu tenho tantas ocupações que o tempo para cuidar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário não é o que seria indispensável”, disse Padilha. Ainda segundo ele, “o presidente disse: tão pronto seja vencida a interinidade, que se tenha os estudos para a reimplantação do Ministério de Desenvolvimento Agrário”.
Padilha emendou declarando ainda que espera que o processo de impeachment seja encerrado o mais rapidamente possível. “Todos os brasileiros gostariam de ter a solução deste impasse imediatamente”, afirmou. Segundo ele, o presidente interino Temer “governa como se fosse governar pela eternidade”, e “não pensa em ações que vão terminar no dia x, y ou z”.
Claro que essa não é a única ação de Temer e a cúpula do PMDB, que inclui Eduardo Cunha, para manobrar pelo golpe. Segundo matéria publicada sem grande destaque no Estadão desta quinta (11), Temer ampliou o número de votos pelo impeachment “com a promessa de distribuição de cargos a apadrinhados de senadores, a garantia de retomada de obras de interesse dos parlamentares e a atuação da trinca de peemedebistas do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), o líder da bancada, Eunício Oliveira (CE), e o presidente em exercício da legenda, Romero Jucá (RR)”.
Veja bem, caro leitor, não estamos falando de uma negociação de cargos num governo de coalizão, em que tal ação é parte da política. Nem tampouco da negociação por voto negociada em consenso de interesse público. Mas da condenação ou absolvição em um processo baseado em fundamentos jurídicos e provas.
Num julgamento, não se pode condenar ou absolver com base em interesses pessoais e, neste caso, político, mas sim com base nas provas. Nos discursos dos que defendem o golpe durante a sessão do Senado que aprovou a continuidade do julgamento da presidenta Dilma, era evidente a incoerência dos argumentos e a falta de prova que caracterizasse o crime de responsabilidade.
Enquanto faz um discurso em que se autodeclara “defensor da legalidade e da democracia”, Temer atua como um legítimo traidor da pátria e em troca de cargos, jogando a Constituição no lixo.
O Estadão cita como exemplo dessa mudança duas ausências na primeira votação, que nesta última não se verificou: Eduardo Braga (PMDB-AM) e Jader Barbalho (PMDB-PA).
“Jader e Braga se ausentaram da primeira votação alegando motivos de saúde e, ontem, apoiaram o andamento da ação contra Dilma. Jader conseguiu um ‘upgrade’ para o filho entre os dois governos”, disse o Estadão, se referindo a Helder Barbalho, que foi ministro da Secretaria Especial de Portos de Dilma, e que se tornou ministro da Integração Nacional de Temer.
Ainda segundo o jornal, Braga manteve seus aliados em cargos estratégicos no setor elétrico.
Romário (PSB-RJ) foi outro parlamentar apontando pela Folha como beneficiado por Temer. Ele, de acordo com o jornal, “emplacou a ex-deputada Rosinha da Adefal na Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério da Justiça” e “ainda quer um indicado dele em Furnas”. Romário nega barganhar cargos.
Vale destacar que a matéria também foi publicada no site UOL, da Folha, também sem grande destaque. Imagine se o governo fosse progressista e tal suspeita fosse lançada, qual seria o destaque da matéria?
Do Portal Vermelho
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