Lindbergh acusa Temer, Cunha, PSDB e Rede Globo por golpe

 
Jornal GGN - "Eu quero usar esse momento para acusar quem está por trás deste golpe", disse Lindbergh Farias (PT-RJ), em discurso de questionamento à presidente Dilma Rousseff, na noite desta segunda-feira (29). 
 
"Eu acuso Eduardo Cunha e Michel Temer (...), eu acuso que a conspiração teve continuidade no Senado Federal (...), as elites dominantes, a burguesia brasileira (...), eu acuso a mídia, a rede Globo (...), eu acuso de quererem entregar o pré-sal às multinacionais (...), eu acuso o PSDB, por não ter aceito o resultado das eleições", disse o senador.
 
Leia a íntegra do interrogatório de Lindbergh à Dilma, denunciando o que chamou de "golpe de classe":
 
 
Eu considero a senhora uma mulher admirável, que lutou contra a ditadura, defendeu a liberdade, defendeu a democracia. Foi presa e condenada pela Justiça Militar, mas não baixou a cabeça. E essa foto virou histórica. Agora a senhora está aqui, novamente de cabeça erguida, buscando justiça, novamente enfrentando um julgamento de exceção, em que provas não valem nada.
 
Todos os senadores aqui presentes sabem que não há crime de responsabilidade.
E quando nos encontramos em um tribunal de exceção, as posições se invertem, o acusado se torna acusador e vira o jogo. Hoje a senhora virou o jogo, está desmontando o golpe, comovendo o país.
 
E eu, presidente, quero usar esse momento para acusar quem está por trás deste golpe. Eu acuso Eduardo Cunha e Michel Temer, que lideraram uma conspiração parlamentar contra o seu mandato, a partir do dia em que o PT decidiu votar pela cassação de Cunha e que culminou com aquela vergonhosa sessão de 17 de abril, que foi chamada de Assembléia Geral de bandidos.
 
Eu acuso que a conspiração teve continuidade no Senado Federal, como provam as gravações de Sergio Machado com Romero Jucá. E dizem eles: tem que mudar o governo para estancar essa sangria, referindo-se à Lava Jato. É um acordo, botar Michel num grande acordo nacional, aí parava tudo. 
 
Porque antes do seu governo e do governo do ex-presidente Lula praticamente não havia investigação no Brasil. No governo de Fernando Henrique Cardoso, em oito anos, houve apenas 48 operações da Polícia Federal, uma média de seis por ano. Lula deu autonomia à PF, que passou a mais de 300 operações por ano. Na época deles, o procurador-geral era conhecido como engavetador-geral da República. Geraldo Brindeiro foi o sétimo colocado na lista, Fernando Henrique o nomeou. Só com Lula e Dilma o Ministério Público teve autonomia, passou-se a nomear o mais votado da lista.
 
Eu acuso as elites dominantes, a burguesia brasileira, que está por trás de tudo isso e que nunca tiveram um compromisso verdadeiro com a democracia. Foi assim com Getúlio, Juscelino, Jango e agora está sendo com a senhora presidenta Dilma.
 
Eu acuso a mídia, a rede Globo, que há três anos pediu desculpas ao Brasil pelo apoio à ditadura e agora embarca em outro golpe.
 
Eu acuso essas elites, de quererem dar um golpe de classe para aumentar suas margens de lucro, retirando direitos dos trabalhadores. Querem de uma vez só acabarem com legado do Lula, rasgar a Constituição cidadã do doutor Ulysses e a CLF de Vargas.
 
Eu acuso as elites de abrirem mão de uma política externa independente. Nunca aceitaram Mercosul, BRICs, Celac, como diz Chico Buarque, querem voltar ao tempo em que falavam grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos.
 
Eu acuso de quererem entregar o pré-sal às multinacionais do petróleo, vender nossas terras a estrangeiros, privatizar tudo o que for possível, como diz Michel Temer.
 
Por fim, eu acuso o PSDB, por não ter aceito o resultado das eleições, por ter feito aliança com Eduardo Cunha, partindo para essa aventura do impeachment, que mergulhou o país para uma crise política que paralisou a economia. 
 
Presidenta, quero que a senhora fale o que está por trás desse golpe, a vingança de Eduardo Cunha, a traição de Michel Temer, e o que há por trás dos interesses das elites brasileiras em retirar o seu mandato.
 
Presidenta, são as mesmas aves de rapina, que estavam na carta testamento de Getúlio. Esse é um golpe contra a senhora, contra a democracia, mas é fundamentalmente um golpe contra os mais pobres, contra os trabalhadores, é um golpe de classe, senhora presidenta.

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