Justiça da Bolívia transfere para presídios seis mineiros acusados pela morte de vice-ministro

Opera Mundi - Redação | São Paulo - 28/08/2016

Rodolfo Ilanes foi encontrado morto na sexta após ter sido sequestrado durante protesto; Evo Morales diz ter derrotado tentativa de 'golpe de Estado'


Polícia e manifestantes entraram em confronto na região de Panduro
A Justiça da Bolívia ordenou, na madrugada deste domingo (28/08), a transferência para presídios de máxima segurança de seis mineiros acusados pelo assassinato do vice-ministro de Interior do país, Rodolfo Illanes, encontrado morto na sexta-feira (26/08) após ter sido sequestrado por cooperativistas durante um protesto da categoria.

De acordo com a sétima juíza de Instrução do Penal de El Alto, Ana Giorgina Dorado, “se decide a detenção provisória para esses seis cidadãos acusados pelo Ministério Público pelo delito de assassinato e outras acusações criminais”.

Os seis indiciados foram enviados aos presídios de Chonchocoro e Patacamaya.

Neste sábado (27/08), a procuradoria de La Paz apresentou formalmente uma acusação contra os seis cooperativistas, entre eles o presidente o da Fencomin (Federação Nacional de Cooperativas Mineiras da Bolívia), Carlos Mamani, pelo assassinato do vice-ministro de Interior.
Segundo o procurador departamental de La Paz, Edwin Blanco, os acusados “foram plenamente identificados como autores materiais e intelectuais do assassinato do vice-ministro de Regime Interior".
Além de Carlos Mamani, foram indiciados Carlos Castro Manuel, René Cochi, Roberto Durán, Silvestre Flores e Julián Pinto Condori.
Dentre os crimes atribuídos a Mamani "em primeiro grau" estão assassinato, roubo agravado, organização criminosa, atentados contra membros de organismos de segurança do Estado e porte de explosivos.


Vice-ministro da Bolívia foi torturado por horas antes de ser morto, aponta Procurador-geral

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De acordo com a acusação, os indiciados, acompanhados de mais de uma centena de trabalhadores, sequestraram Illanes e o conduziram a comunidade Belém no monte Pucara, onde, com “sanha” e “premeditação”, o assassinaram "com golpes".
Arquivo/ ABI

Vice-ministro de Interior da Bolívia, Rodolfo Illanes, encontrado morto na sexta-feira
A autópsia no corpo de Illanes indicou lesões nos centros nervosos superiores, uma lesão vascular e nervosa, hemorragia subdural, edema cerebral, traumatismo crânio encefálico e politraumatismo facial, torácico, genital e de extremidades. Os exames apontaram também que o vice-ministro foi torturado de seis a sete horas antes de ser morto.
Na sexta-feira, fiscais da Procuradoria realizaram buscas nos escritórios de duas cooperativas de mineiros, no âmbito das investigações sobre o assassinato do vice-ministro de Interior. A rádio de uma cooperativas, que transmitia informações diretamente do local dos confrontos, também foi fechada.
Illanes foi feito refém por um grupo de mineiros na quinta-feira enquanto tentava negociar a suspensão de um bloqueio dos mineiros em Panduro, no caminho de La Paz para a cidade de Oruro.
Manifestantes entraram em confronto com a polícia durante a semana, que resultaram na morte de três trabalhadores. O ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero, afirmou no sábado que "obviamente também é necessário esclarecer estas mortes".
Os cooperativistas querem alugar suas concessões mineradoras para empresas privadas ou estrangeiras, o que é vetado pela Constituição boliviana. Além disso, exigem a anulação de uma lei que permite a formação de sindicatos nas cooperativas, o que consideram prejudicial para essas entidades.
'Golpe de Estado' derrotado
Neste sábado, o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou ter derrotado novamente um "um golpe de Estado", desta vez supostamente planejado pelos cooperativistas que protestavam e bloqueavam rodovias em Panduro. 
"Outra vez, o governo nacional derrotou um golpe de Estado. Disso estou convencido", afirmou Morales a jornalistas na cidade de Cochabamba.
O mandatário, que afirmou na sexta-feira acreditar em uma "conspiração" dos mineiros contra seu governo, disse que documentos confiscados nos escritórios das cooperativas mineradoras falavam em "tombar o governo".

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