Inquérito do Triplex no Guarujá foi concluído pela Lava Jato

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Jornal GGN - O inquérito policial sobre o caso do triplex no Guarujá, envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi concluído. O registro do documento final das apurações da Polícia Federal consta no sistema da Justiça Federal do Paraná, no inquérito 5003496-90.2016.4.04.7000, que investiga os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa pela empresa Mossack Fonseca. 
Nos próximos dias, o inquérito deve ser encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que o transforma em denúncia, então apresentada ao juiz da Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. O documento é resultado das diligências realizadas pela polícia desde 28 de janeiro deste ano, um dia após a deflagração da 22ª fase da Operação Lava Jato, a Triplo X, com mira no ex-presidente e na suposta compra de um apartamento triplex no edifício Solaris, no Guarujá.
Nos autos do inquérito nº 5003496-90.2016.4.04.7000, nem o nome do ex-presidente Lula ou da Mossack aparecem como partes do processo. No lugar dos nomes investigados, a PF preferiu restringir-se a informar: "Indiciado: A Apurar", a exemplo de todos os outros processos em investigação contra Lula, como o do sítio em Atibaia, que também não traz o seu nome entre os indiciados.
Inicialmente sob a mira exclusiva na Mossack, que teve uma de suas offshores figurando como detentora de outro dos apartamentos triplex no edifício Solaris, e a possível relação da aquisição desse imóvel com recursos ilícitos obtidos a partir de corrupção da Petrobras, a investigação foi, aos poucos, desviando seu foco de uma das maiores lavadoras de dinheiro no mundo, para redefinir o alvo sobre o ex-presidente.
Em documento assinado pelo MPF, em 3 de agosto deste ano, sobre um pedido da defesa de Lula para que Sérgio Moro se declare impedido de comandar as investigações, os procuradores detalharam em 25 do total de 70 páginas os motivos levantados para enxergar conexão entre os três inquéritos que envolvem hoje o ex-presidente Lula: o caso do Triplex, o do sítio em Atibaia e as palestras realizadas pela empresa LILS.
"Desmembrar esse caso em inúmeros subcasos seria o mesmo que dividir o retrato de uma pessoa em inúmeras partes e depois esperar que o julgador, vendo apenas um pedaço da
face de alguém (como uma orelha), diga a quem pertence", disseram os procuradores, em analogia.
E mais: a manifestação do MPF adianta textualmente qual será a interpretação e análise do órgão - que deveria atuar de forma independente da PF, mas que no caso da Lava Jato, agem em cooperação -, no momento em que receber o inquérito já concluído, conforme revela o GGN.
Não por coincidência, dos três casos hoje que incidem sobre Lula na Lava Jato, o do imóvel no litoral paulista foi o que mais obteve argumentos expostos pelos procuradores nessa manifestação recente.
Nela, defendem que o caso apresenta "conexão evidente" com a Lava Jato, com "a participação João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, réu e condenado em ações propostas e ex-presidente da BANCOOP, responsável inicial pelo empreendimento que teve seus dirigentes denunciados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo" e "executivos da OAS, empresa membro do cartel de empreiteiras atuante no seio e em desfavor da Petrobras".
"Em razão dessas inconsistências e do relacionamento de JOÃO VACCARI NETO (ex-tesoureiro do PT), e da empreiteira OAS com o CONDOMÍNIO SOLARIS, o MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL requisitou ao Registro de Imóveis de Guarujá cópia de todas as matrículas do empreendimento outrora denominado “Mar Cantábrico”, atual CONDOMÍNIO SOLARIS, situado na Av. Gal. Monteiro de Barros, nº 638, Guarujá/SP. Com a resposta à requisição, identificaram-se unidades ainda registradas no nome da OAS, o que poderia representar expediente para ocultação de patrimônio", seguiram os procuradores.
Ainda na lógica de conectar os casos:
Com essas considerações, fica explícito o posicionamento do MPF, que deverá aceitar o inquérito dos delegados referente ao caso do imóvel no Guarujá e transformá-lo em denúncia ao juiz Sérgio Moro. Enquanto isso, o relatório final da PF, que foi concluído nesta sexta-feira (12), pode ser vazado a qualquer momento, para a imprensa cumprir seu papel na continuidade das estratégias da Lava Jato.
Leia a íntegra da manifestação do MPF favorável às investigações contra Lula permanecerem nas mãos de Sérgio Moro:

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