Fernando Brito: O “apartheid” cultural de Dória, a arrogância pomposa dos ignorantes

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Conheci, certa vez, um rapaz que não exatamente primava pela inteligência ou pelo caráter.
E, como bom picareta que era, sempre procurava impressionar os bobos falando que era necessário “quebrar os paradigmas”.
Evidente que ele não dizia o que eram os paradigmas, de modo que poderiam ser copos, vidraças ou pontas de lápis para serem quebrados.
A matéria da Folha sobre o programa de Cultura proposto por João Dória Jr. é uma obra deste tipo e, além de vazia, infeliz.

Depois da típica menção a paradigmas que não se sabe quais são –  “Choque de cultura – modificando os paradigmas existentes” –  sai-se com a pérola: “ Apartheid – rompendo as barreiras existentes para unir a Cidade”. 
Como a experiência em eventos culturais de Dória praticamente se restringe ao “Passeio de Bebês” e ao “Passeio de Cães” que promove em Campos do Jordão e às revistas “Caviar” e “Gabriel”, destinadas ao público de alto luxo, fica-se matutando como seria a quebra de paradigmas e o rompimento de barreiras.
Lendo um pouco mais, vê-se a profundidade do programa: criar um museu da cidade e fazer uma “virada cultural” a cada estação do ano.
Nada contra, mas de uma absoluta insignificância em relação à maior e mais rica metrópole do Brasil.
Para um sujeito que pretende privatizar os espaços públicos de convívio – parques e ciclovias – começo a achar que o paradigma que se vai adotar é mesmo o do apartheid.

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