Evo Morales: assassinato de vice-ministro é “imperdoável”
Vice-ministro do Interior boliviano morreu na sequência de um rapto e espancamento enquanto negociava o levantamento de um bloqueio de estrada com os mineiros cooperativistas.
ESQUERDA.NET - 27 de Agosto, 2016 - 00:00h
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Foto Juan Manuel Herrera/OAS
O presidente boliviano decretou três dias de luto nacional e falou de “conspiração política” na ação do grupo de mineiros cooperativistas – que trabalham por conta própria – que tem promovido bloqueios de estradas em protesto contra a reforma da lei mineira que legaliza os sindicatos nas cooperativas e pela liberdade de se associarem com as multinacionais na exploração mineira.
Aproveitando a boa relação pessoal com alguns dos cooperativistas, que formaram a base de apoio aos governos de Evo Morales até aos últimos meses, o vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, deslocou-se na quinta-feira a Panduro para negociar o fim do bloqueio de uma das principais estradas do país. Mas o ministro acabou por ser feito refém pelos manifestantes e a operação policial para o libertar não foi bem sucedida. Illanes acabou por ser encontrado morto à beira da estrada, tapado com uma manta. A morte deveu-se a um derrame cerebral, com traumatismos no cérebro e no tórax e várias costelas partidas, afirmou um responsável à imprensa boliviana.
Para Evo Morales, este assassinato “dói muito, porque é uma atitude tão cobarde. Sequestram-no, torturam-no e matam-no”, afirmou o presidente boliviano, considerando este crime “imperdoável”.
Os cerca de 130 mil mineiros cooperativistas foram sempre uma base importante dos governos de Morales e a legislação mineira é um reflexo disso, com o número de cooperativas a quintuplicar desde a chegada de Morales ao poder. A representá-los estão sete deputados e senadores, eleitos pelo Movimiento al Socialismo, para além de outros cargos no aparelho de estado.
Em declarações à BBC Mundo, o sociólogo Esteban Ticona afirma que as cooperativas “enganam o país porque são empresários camuflados de trabalhadores que conseguiram bastantes concessões e privilégios”, como vantagens fiscais, concessões de minas sem concurso e isenção de obrigações laborais ou sindicais. “O que aconteceu na quinta-feira à noite foi a explosão desses privilégios, porque agora querem muito mais”, concluiu o sociólogo.
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