Com medo de 2018, PSDB ataca Meirelles e expõe racha no golpe


Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo
  
Explicitando o racha no ninho golpista, os dirigentes do PSDB pressionaram para que Meirelles restrinja sua atuação à economia. Para eles, o ministro tem flexibilizado algumas medidas duras e extremamente impopulares, por motivos eleitoreiros. Estaria em busca de se viabilizar como uma alternativa eleitoral fora dos quadros já manjados do PSDB e PMDB.

Nesse sentido, a cobrança tucana de que é preciso rigor na implementação do ajuste fiscal esconde – embora nem tanto – a intenção de também desgastar Meirelles. O discurso da preocupação com equilíbrio das contas cai por terra também ao se constatar que parlamentares do PSDB deram seu apoio às “benesses” que o presidente aprovou no Congresso.



Mas, se havia dúvidas sobre as desconfianças em relação ao titular da Fazenda, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tratou de eliminá-las. “O ministro Meirelles tem todo nosso apoio e simpatia. Mas deixa o Meirelles cuidando da economia e deixa o núcleo político cuidando da política, sem deixar 2018 contaminar o ajuste que tem que ser feito”, cobrou Tasso, de acordo com O Globo.

O cenário ideal desenhado pelos tucanos previa que, após o golpe, o governo interino trataria de aplicar as medidas mais duras e impopulares do receituário neoliberal e, em 2018, eles próprios – sem o peso de serem os autores diretos de tais maldades – teriam o caminho livre para tentar voltar ao poder, em teoria, com uma economia já estabilizada. Por isso, líderes do partido têm feito reiteradas cobranças de que o próprio Temer deixe claro que não disputará a eleição.

O fato é que, vendo em Meirelles um possível adversário, o PSDB tem tratado de minar o seu trabalho, com críticas à condução da área econômica - não pelo seu caráter antipovo, antinacional e incapaz de retomar o crescimento, mas exatamente por consider que têm sido feitas muitas concessões. A atitude dos tucanos expõe a fragilidade da aliança construída para o golpe sobre a base do fisiologismo e dos interesses pessoais.

Os ataques se acentuaram após Meirelles voltar atrás e decidir modificar o texto do projeto de lei complementar 257/2016, que trata da renegociação da dívida dos Estados e do Distrito Federal. O governo abdicou da exigência de que os Estados não poderiam conceder reajustes salariais aos seus servidores por dois anos.

A insatisfação tucana – e consequente pressão por rigor num ajuste ‘doa a quem doer’ – permeia inclusive um documento divulgado pelo Instituto Teotônio Vilela, do PSDB. No texto, a entidade lamenta que o governo tenha tido que fazer concessões e defende que não podem mais haver recuos no ajuste fiscal. “É preciso fazer as escolhas que não são fáceis, mas são necessárias”, diz.

As críticas ao ministro têm gerado desconforto. O secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal, Moreira Franco, chegou a sair em defesa de Meirelles. Para ele, o colega é vítima de “manipulação eleitoral”.

“Os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula tiveram ministros fortes na área econômica. Já (José) Sarney e Dilma (Rousseff) tiveram ministros fracos. A experiência mostra que não é recomendável transformar o ministro da economia em vítima de manipulação eleitoral”, disse, de acordo com O Estado de S. Paulo. E completou: “Diante da gravidade da situação, é muito pouco recomendável qualquer tentativa de enfraquecimento do ministro Meirelles.”

O titular da Fazenda é filiado ao PSD de Gilberto Kassab e, como sinaliza Moreira Franco, tem acumulado poderes na sua pasta. Não apenas trouxe para seu domínio a Previdência Social com seu gradioso volume de recursos, comopressiona para que o Secretaria do Orçamento, hoje dentro do Ministério do Planejamento, também migre para seu superministério. 




 Do Portal Vermelho

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