Bancários iniciam negociações por reajuste de 14,78% e defesa dos empregos

SETOR FINANCEIRO


Trabalhadores lembram que o setor é o mais lucrativo do país e reivindicam aumento real, valorização dos vales alimentação e refeição e da participçãono valor de um salário-mínimo nacional
por Redação RBA publicado 19/08/2016 19:16, última modificação 19/08/2016 19:27
MAURICIO MORAIS/SEEB-SP
Osasco
Campanha 'Só a luta de garante' no centro de Osasco. Grupo apresenta flash mob com o funk 'Baile dos Bancários'
São Paulo – A primeira rodada de negociações da campanha nacional dos bancários começou ontem (18) com a primeira reunião entre o Comando Nacional dos bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e se encerrou hoje. “Mostramos aos bancos que 25% das categorias tiveram aumento acima da inflação de janeiro a maio deste ano. Os bancários querem estar nessa estatística já que trabalham para o setor mais lucrativo do país”, explicou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do comando. A data base da categoria é 1º de setembro.

A negociação foi precedida de atividades de lançamento da campanha em várias todas as regiões da capital e em Osasco nos últimos dias. Um cortejo de militantes-atores percorre ruas e agências, distribuindo material informativo, rosas vermelhas e interagindo com bancários e a população por meio de manifestações lúdicas e bem-humoradas. Objetivo é chamar atenção para o mote da campanha – "Só a luta te garante".
Acompanhe imagens da campanha. Em Osasco, cortejo pelas ruas e bancos, com flores, performances e o funk Baile dos Bancários. Em São Paulo, a presidenta do sindicato, Juvandia Moreira, fala sobre as expectativas das negociações. E no Rio de Janeiro, faalAdriana Nalesso, presidenta do sindicato local, Nilton Esperança, da federação do RJ e ES, e Marcos Alvarenga, do sindicato de Petrópolis.
Entre os temas discutidos na campanha estão emprego, saúde, segurança, igualdade de oportunidades e remuneração. Os bancários reivindicam, entre outras coisas, reajuste salarial de 14,78%, sendo 5% de aumento real, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 8.297,61, vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche no valor de um salário-mínimo nacional (R$ 880) e que o piso da categoria seja o salário-mínimo calculado pelo Dieese (R$ 3.940,24).
“Também reivindicamos melhores condições de trabalho, tivemos em sete anos aumento das contas correntes em 73%, enquanto o emprego bancário cresceu apenas 33%, isso tem referência no maior investimento nas novas tecnologias e tem gerado sobrecarga de trabalho e adoecimento. Nossa realidade hoje é que apenas 27% dos bancários trabalham seis horas por dias nos bancos privados”, afirmou Juvandia.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e um dos coordenadores do Comando Nacional, Roberto von der Osten, espera que a Fenaban não postergue as negociações e apresentem propostas que contemplem as demandas dos trabalhadores o quanto antes. “Os bancos conhecem muito bem nossa minuta e queremos que apresentem suas propostas objetivamente, já que esgotamos o período de esclarecimentos e debates. Esta é a expectativa dos bancários e das bancárias”, afirmou. A entidade patronal ainda não apresentou propostas.
Há 512 mil bancários no Brasil. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no país – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander –, nos três primeiros meses do ano, foi de R$ 13,13 bilhões. O setor bancário foi o de maior lucratividade no primeiro trimestre deste ano, segundo a Consultoria Economatica. As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceram 6,2% atingindo o valor de R$ 26,58 bilhões. Mesmo assim, foram fechados 6.785 postos de trabalho nos bancos no primeiro semestre do ano.
Os trabalhadores reivindicam ainda a inclusão de uma cláusula no acordo trabalhista para garantir melhores condições de trabalho nas agências digitais, incluindo garantias em termos de emprego e jornada, fim da sobrecarga de trabalho e maior remuneração. Nos últimos doze anos, a categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2015 de 20,85% e 42,1% no piso. A próxima rodada de negociação está marcada para quarta-feria (24).

Comentários