Ponto a ponto, a delação que é um tiro no coração de Cunha

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Postado em 2 de julho de 2016 às 7:56 am
DCM
Do estadão:
A delação do ex-vice da Caixa atinge em cheio presidente afastado da Câmara.
A delação ponto a ponto, conforme relato de fonte com acesso às investigações ao Estado:
Como Fábio Cleto conheceu Cunha e Funaro:
Fábio Cleto trabalhou no Itaú, deixou o banco e montou seu próprio negócio, um fundo de investimentos. Conheceu no mercado Lúcio Bolonha Funaro, que o convidou para ocupar uma sala do escritório dele, em São Paulo. Ali montou uma “mesa de operações financeiras”. Funaro o apresentou a Eduardo Cunha
Como Fábio Cleto chegou à Vice-Presidência da Caixa:

Em 2011, Funaro, via Eduardo Cunha, o indicou para o cargo na Caixa. Quem mandou o currículo do delator para Eduardo Cunha foi Funaro. Dois dias depois da nomeação, Funaro o fez assinar uma “carta de renúncia”. Assim, a qualquer momento, Cleto poderia ser destituído do cargo, dependendo da vontade de Eduardo Cunha.
Como as propinas eram definidas:
Toda terça-feira, às 7h30, Fábio Cleto era recebido por Cunha em Brasília. Primeiro, esses encontros ocorriam em um apartamento funcional do deputado; depois passaram a ocorrer na residência da Presidência da Câmara. Nesses reuniões, Cleto levava a Cunha, a pedido do deputado, as informações pormenorizadas com nomes de empresas que buscavam o FI-FGTS para pedir parcerias e incentivos financeiros para tocar seus projetos milionários. Segundo o delator, ao tomar conhecimento dos valores dos projetos, Cunha dizia, conforme o relato de fonte com acesso às investigações: “Esse aqui interessa, trabalhe para aprovar. “Quando não interessava, Cunha dizia: “Esse não interessa, vamos melar isso. Se é bom pro PT, não interessa”. Cleto apontou seu motorista, funcionário da Caixa, como testemunha das idas à residência de Cunha.
Como foram os pagamentos:
Fábio Cleto indicou 12 operações milionárias com grupos empresariais que buscaram recursos do FI-FGTS. Ele afirma que não recebeu propina diretamente das empresas. Essa tarefa cabia a Cunha e Funaro, conforme relatou.
Cleto afirma que não pedia nada para as empresas, não tinha contato com elas. Sua função, disse, era eminentemente técnica, de um “profissional de mercado”. “Nunca pedi propina para ninguém, era sempre Eduardo Cunha ou o Funaro. Sabia pelo Eduardo Cunha o montante (da propina)”, afirmou, conforme fonte com acesso às investigações
Os porcentuais
Segundo Cleto, Cunha dizia que exigia 1% do valor de cada projeto: 80% desse montante ficava com Eduardo Cunha. Cleto recebia quantias menores que eram depositadas em uma conta sua na Suíça. Os depósitos eram realizados pela Carioca Engenharia. No acordo de delação que fechou, o colaborador se comprometeu a pagar R$ 5 milhões a título de multa.
Os citados
Cleto não apontou nome de nenhum outro político. Só falou de Eduardo Cunha. Afirmou que conheceu o ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), em uma “ocasião social”, mas n]ao o envolveu em negócios ilícitos.
As provas apresentadas
Fábio Cleto entregou seus votos nas reuniões do FI/FGTS como prova. Os votos de Cleto foram requisitados pela Procuradoria-Geral da República à Caixa, mas ele próprio se antecipou e entregou a documentação aos investigadores. Depois que a Lava Jato analisou o conteúdo dos votos, Cleto fez inúmeros depoimentos na PGR, todos filmados, gravados e registrados formalmente. Cleto entregou, ainda, uma planilha de “prestação de contas” produzida por Funaro.
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