A lógica da demissão de Villa da Veja. Por Paulo Nogueira

Postado em 13 Jul 2016
Rindo do quê?
Rindo do quê?
Pessoas como Marco Antonio Villa infestaram as redações das grandes empresas jornalísticas desde que o PT ascendeu ao poder.
Elas foram recrutadas com um único propósito: ajudar os barões da mídia a tirar o PT do poder.
Isto conseguido, elas perdem a valia. Já não servem para nada. É mais ou menos como Cunha: ele foi protegido pela imprensa — e pelo STF — enquanto teve serventia, até o dia da admissão pela Câmara do processo de afastamento de Dilma.
Depois foi jogado aos lobos.

É dentro dessa lógica que se deve ver a demissão de Villa da Veja. Como historiador, ele ofereceu ao público da revista uma contribuição extraordinariamente rasa da história contemporânea nacional.
Mas como caçador de petistas ele se superou. Tornou-se monomaníaco em relação a Lula, sobretudo, a quem foi ofendendo cada vez mais, ao longo dos anos, até ser processado e pensar melhor nos insultos que proferia.
Ele, para a Veja, não serve mais para nada.
É uma tendência que o exército antipetista montado pela mídia plutocrática comece a ser dissolvido agora.
As empresas comportam-se assim. Do ponto de vista administrativo, contratam especialistas em marketing quando têm que crescer. Trocam-nos por especialistas em finanças quando se trata de amarrar os cintos. Cada ciclo é cada ciclo. São as sístoles e as diástoles, na frase marcante do general Golbery.
Villa se comportou com deselegância ao anunciar sua saída. Lembrou que a Veja está passando por uma crise econômica terrível. É verdade. Mas mesmo assim a revista poderia perfeitamente bancar o frila de Villa na TVeja. É pixuleco perto das demais despesas da Abril.
Villa falou bobagem também. Disse que suas aparições na TVeja foram campeãs de audiência.
Ora, ora, ora.
A TVeja é um antiexemplo. É uma mostra da dificuldade brutal que empresas tradicionais de mídia têm ao fazer qualquer coisa na internet.
No YouTube, vá ao canal da TVeja e verifique as visualizações, se tiver disposição. É uma miséria. Ou alguém acha que os internautas suportam uma conversa imóvel de uma hora entre pessoas como Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo e o próprio Villa?
Villa não levou à TVeja a profundidada, a inteligência, a sofisticação de raciocínio que se deveria esperar de um historiador.
Levou burrice, ignorância e o preconceito típicos de ativistas de direita.
Seu legado, de zero a cem, não chega a ser zero. É abaixo de zero.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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