Manharão retalia Cunha retirando da CCJ ação que poderia evitar cassação de mandato

Jornal GGN - O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), sofreu um golpe desferido pelo presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP), que tomou uma decisão, na manhã desta segunda (20), para frear uma manobra que poderia abrandar a pena de Cunha, que teve seu processo de cassação de mandato autorizado pelo Conselho de Ética.

Maranhão determinou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a retirada de uma consulta feita por ele mesmo ao colegiado, questionando os ritos da tramitação de pedidos de cassação de mandato. A ideia era criar uma brecha para abrandar a pena de Cunha. A consulta já havia recebido um parecer indicando que poderia beneficiar o peemedebista, com a apresentação de emendas que poderiam amenizar a pena para parlamentares na situação de Cunha. Ela iria a plenário nesta segunda, mas após a decisão de Maranhão, não será mais analisada.
Nos bastidores, a informação é de que Maranhão deflagrou a medida em retaliação a Eduardo Cunha, numa disputa que envolve a presidência da CPI da DPVAT, criada por Cunha em maio para apurar "denúncias e supostas irregularidades na concessão do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres". Maranhão queria emplacar o deputado Luís Tibet (PTdoB) na presidência da comissão de inquérito, mas este foi derrotado por Marcos Vicente (PP), candidato apoiado por Cunha.
Com a consulta arquivada, Cunha poderá apresentar recursos à votação de seu processo de cassação no Conselho de Ética, onde foi derrotado por 11 votos a 9. O prazo para a defesa é até quinta-feira (23). Se os recursos não forem acolhidos, o plenário da Câmara analisará em definitivo a situação do peemedebista. O parecer pela cassação de Cunha precisa de 257 votos, ou será arquivado.
Cunha é acusado de mentir à CPI da Petrobras, em março de 2015, quando afirmou não possuir contas no exterior. Posteriormente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, confirmou a existência das contas. O parlamentar alega que não são contas, mas trusts controlados por terceiros.

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