Itamaraty exonera diplomata que enviou alerta sobre golpe no Brasil

SILENCIADO

Milton Rondó Filho, coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome, havia enviado telegramas a postos fora do país
por Opera Mundi publicado 14/06/201613:58, última modificação 14/06/2016 14:12
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Rondó
Comunicados enviados por Rondó informavam embaixadas sobre o risco de ruptura institucional no Brasil
Opera Mundi – O Ministério das Relações Exteriores exonerou hoje (14) o diplomata Milton Rondó Filho, que em março enviou mensagens a embaixadas e representações brasileiras no exterior sobre a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil.
A informação sobre a exoneração de Rondó, ministro de segunda classe que atuava como coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome da Secretaria Geral das Relações Exteriores, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça.

Há quase três meses, Rondó recebeu uma advertência do Itamaraty, ainda sob a liderança do então chanceler Mauro Vieira, e perdeu o direito de emitir documentos após ter enviado, no dia 18 de março, telegramas a postos diplomáticos do Brasil no exterior alertando para a ocorrência de um possível golpe contra a presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Segundo matéria do jornal O Globo, na primeira mensagem enviada, o Itamaraty pedia que cada embaixada ou representação indicasse um servidor, preferencialmente um diplomata, para ser responsável por "apoiar adequadamente" o diálogo entre o Itamaraty e as sociedades civis do Brasil e de cada local.
Em seguida, outro comunicado foi enviado, desta vez com a reprodução de uma nota da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais), que agrega 250 ONGs. O texto expressava "profunda preocupação" com o momento do Brasil, que segundo as entidades era de "resistência democrática".
Outra mensagem trazia o texto "Carta aos Movimentos Sociais da América Latina", em que organizações sindicais, sociais e populares do Brasil denunciavam um "processo reacionário (...) contra o Estado Democrático de Direito".
De acordo com a matéria de O Globo, no mesmo dia, o secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, enviou um documento às embaixadas e representações solicitando que os comunicados anteriores fossem desconsiderados.
O Itamaraty também, afirmou, na época, que as mensagens haviam sido enviadas sem autorização superior.
Procurado para maiores esclarecimentos sobre a exoneração de Rondó, o Itamaraty não respondeu às mensagens de Opera Mundi. Até o momento, não foram divulgadas informações sobre o futuro de Rondó.

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