Harvard: Uma em cada dez mulheres foi vítima de violação

Harvard quer erradicar clubes só de homens ou só de mulheres como forma de luta contra o sexismo e as agressões sexuais. Na universidade mais antiga da América, uma fábrica de chefes de Estado, prémios Nobel e presidentes de multinacionais, um terço das mulheres admitiu ter sido alvo de agressão sexual.

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Um inquérito promovido pela Associação Americana de Universidades entre abril e maio de 2015, e que abrangeu mais de 150.000 estudantes universitários de 27 universidades como Columbia, Harvard, Brown ou Yale, revelou que um terço das mulheres de Harvard admitiu ter sofrido algum grau de agressão sexual desde que ingressou na universidade e que uma em cada 10 afirmou, inclusive, já ter sido violada. Apenas 28% dos acontecimentos foram denunciado às autoridades.

Um grupo de trabalho independente para a prevenção de agressões sexuais em Harvard, criado depois da realização do inquérito, denunciou atitudes “profundamente misóginas” nos clubes de estudantes exclusivamente masculinos ou femininos. 47% das estudantes questionadas que iam a festas ou eventos, tanto nos clubes masculinos como convidadas ou nos femininos, afirmam ter sofrido algum tipo de abuso, o que representa uma percentagem muito superior à média.
“A estrutura destes clubes - homens em posições de poder que perspetiva as mulheres em termos de desigualdade e, muito vezes, de forma sexual - explica bem o trabalho que temos pela frente”, concluiu o seu relatório. Ainda que não considere estes clubes como o único e o maior motivo das agressões, o grupo pediu à Universidade, dentro de um amplo pacote de medidas, que atue contra eles.
Harvard já rompeu laços com os clubes que se recusaram a tornar-se unissexo em 1984, mas a administração da universidade veio agora advertir os clubes, tanto masculinos como femininos, que penalizará os futuros membros de qualquer entidade que discrimine com base no sexo, vetando-lhes recomendações, cargos em outras organizações estudantis ou equipas atléticas. Ainda que não tenham já nenhum reconhecimento por parte de Harvard, os clubes “desempenham um papel inequívoco e crescente na vida estudantil, em muitos casos promulgando formas de privilégio e exclusão que estão nas antípodas dos nossos valores mais profundos”, afirmou a presidente de Harvard, Drew G. Faust.
Na universidade mais antiga da América, identificada pelo El País como uma verdadeira fábrica de chefes de Estado, como Franklin Delano Roosevelt e Theodore Roosevelt, ou os irmãos Kennedy, prémios Nobel e presidentes de multinacionais, nem todos aceitam acabar com os clubes exclusivos de mulheres e de homens.
Protesto contra isso Mitchell Dong, orgulhoso membro do Fly Club, defendeu que associarem-se em função do critério que consideram conveniente, “é um dos fundamentos da América livre”. Já o presidente do clube Porcellian, Charles M. Storey, afirmou, em declarações ao The Crimson, o jornal da universidade, que obrigar estas organização “a aceitar membros do sexo oposto poderia aumentar, em vez de reduzir, as possibilidades de agressões sexuais”.
Esquerda.net com o El País
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