Governo diz ter decidido “mostrar serviço” e detonar aposentadoria e CLT até o fim do ano
Como convém a quem está buscando socorro dos capitais mundiais, foi à Reuters que o Governo Temer resolveu assumir explicitamente seus planos: mudar a Previdência e a a legislação trabalhista até o final do ano. Em entrevista à agência estrangeira, o homem forte de Temer, Eliseu Padilha diz com todas as letras que os direitos trabalhistas serão modificados. Para pior, é claro:
“Aprovada em 1943, a CLT estabeleceu a jornada de oito horas, a previsão de férias, salário mínimo, 13º salário, entre outras normas que regem até hoje os contratos de trabalho e, apesar de ter sido atualizada diversas vezes, nunca se mexeu nos direitos básicos. Padilha defende, no entanto, que há alternativas para se facilitar e diminuir custos da contratação de pessoal.
“Tem muita coisa que ainda segura um pouco a geração de emprego. Se mantivermos regras conservadoras o investimento vai para outros países, a economia é globalizada”, afirmou.
Padilha (chamado de Eliseu Quadrilha pelo expert Antonio Carlos Magalhães),diz que “não sei se aprova até o final do ano, mas a ideia é aprovar as duas até o final do ano para entrar no ano novo com uma nova perspectiva”.
Mentira descarada.
Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento do processo legislativo sabe que não se vota nem mesmo a matéria mais pacífica nas duas casas do parlamento, com dois turnos em cada uma, neste prazo, ainda mais porque não se apresentará proposta alguma até ter sido liquidado o governo legítimo pela consumação do golpe.
E, mesmo que a apresentem, com toda a sua maioria, não há congresso que sequer chegue perto de votar algo assim antes de eleições, mesmo que municipais.
O que Padilha faz é mandar recado, dizer “confiem em nós, vamos fazer o massacre, tanto que sou capaz de falar disso”.
O Governo Temer nega, na imprensa nacional, que vá mexer com direitos de aposentados e trabalhadores.
E, na estrangeira, jura que o fará.
Tentará fazer.
Mas não já, só quando sentir que já não lhe tiram o osso.
E, ainda assim, não lhe será fácil.
Nem a Fernando Henrique, em plena ilusão do real e com a legitimidade de quem havia siso eleito o foi.
Como o jornalismo investigativo no Brasil, hoje, se restringe a obter vazamentos e delações, os planos sobre aquilo que afeta a vida de 34 milhões de aposentados e pensionistas fica assim, na base do “será-que-vai-ter-será-que-não vai ter”.
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