Após apoiar golpe, Skaf agora defende separar política e economia


  
Em encontro de Temer com cerca de 200 empresários e líderes de entidades empresariais, Skaff utilizou seu discurso para mandar recados ao governo interino. Com a fala voltada ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ele pressionou não apenas para que não haja novos tributos, mas também pela redução dos juros, pelo programa de privatizações e concessões na área de infraestrutura e pelo aumento de crédito.

De acordo com ele, caso ocorra ampliação da carga tributária – o que não foi descartado por Meirelles -, muitos poderão não arcar com suas obrigações fiscais. "Não adianta se pensar em aumentar impostos. É necessário que os impostos não sejam aumentados. Aumentar impostos, no momento em que a economia está enfraquecida, as empresas feridas, resultará em aumento da inadimplência", disse o presidente da Fiesp.


Segundo ele, essas medidas que propõe são imediatas, não dependem de discussões com o Congresso, mas de "decisões". Apesar de listar suas reivindicações, Skaf defendeu que os representantes do setor produtivo não foram ao Palácio para protestar, porque, em sua visão, "não faltam protestos". "Está cheio já [de protestos]. Não estamos aqui para reivindicar, pedir uma lista. Viemos aqui para lhe dizer que estamos com a disposição de trabalharmos noite e dia, sábado, domingo e feriado para a retomada do crescimento no Brasil", declarou.

Ciente do impacto que a crise política que ajudou a fermentar tem sobre os indicadores econômicos, Skaf mudou seu discurso após o afastamento de Dilma. "Para retomar o crescimento, é fundamental confiança e, para que ela reapareça, algumas coisas são necessárias. Em primeiro lugar, temos que separar a crise política da economia. É necessário ter trilhos separados e que a economia siga seu trilho. Mas a economia tem que ter um trilho desimpedido para que realmente retome a geração de riquezas”, afirmou.

Skaf destacou o impacto dos juros altos, que prejudicam o setor produtivo, nas contas públicas. “É um absurdo a taxa Selic estar em 14% e o governo gastar bilhões por ano com pagamento de juros. É muito dinheiro. É necessário que haja a redução de juros e que essa redução estimule a economia e reduza fortemente a maior despesa que o governo tem que é o pagamento da dívida", declarou ele.

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