Amigo de Aécio, Nárcio Rodrigues vira réu por formação de quadrilha

Operação Aequalis

Senador chegou a chamar Nárcio Rodrigues, aliado e ex-presidente do PSDB-MG , de "amigo fraterno". Investigado também é próximo de Anastasia
por Henrique Beirangê — na Carta Capital -  publicado 30/06/2016 16h15, última modificação 30/06/2016 16h23

Alessandro Carvalho/PSDB
Nárcio Rodrigues
Da esquerda para a direita: Nárcio Rodrigues, Aécio Neves e Antonio Anastasia
O ex-presidente do PSDB mineiro e ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues, e mais 14 pessoas viraram réus por formação de quadrilha, fraude em licitação, corrupção, lavagem de dinheiro e peculato por conta de um esquema de desvios de um projeto orçado em 300 milhões de reais, na região do triângulo mineiro, para a gestão de recursos hídricos.

Nárcio e Aécio são íntimos. Na eleição para presidente do partido em Minas Gerais, em 2009, a candidatura do amigo foi apoiada pelo governador. Em um vídeo de 2010, de contribuição à campanha de Nárcio para deputado federal, Aécio fala do correligionário com entusiasmo e proximidade. Diz que são “amigos fraternos” e vê em Nárcio “virtudes que o colocam como um dos mais completos homens públicos de seu tempo”.
Quais virtudes o senador não deixa claro, mas os vícios, segundo a investigação, são muitos. O projeto orçado em cerca de 300 milhões de reais teria tido desvios de ao menos 14 milhões. Isso até onde se sabe. Foi auditado apenas 35% do plano, o restante deve ser concluído nos próximos meses.
Uma das empresas investigadas é a construtora CWP, de propriedade, até 2009, de Waldemar Anastasia Polizzi, primo do ex-governador Anastasia. Os investigadores suspeitam que a empresa ainda tenha relação com o clã, mas de maneira oculta. Segundo as apurações, a construtora foi beneficiária de pelo menos 8,6 milhões de reais nos desvios e deixou de recolher 400 mil reais em tributos.
Nárcio costuma dizer que Anastasia foi o “mentor operacional e administrativo” do governo Aécio Neves em Minas. Ele sabe de muita coisa, mas não demonstra se preocupar com o escândalo. O ex-presidente do PSDB mineiro, fotografado rindo após a detenção, acredita que terá os mesmos favores do Judiciário garantidos a seus colegas de partido? 
Os próximos eventos do inquérito, não propiciam motivos de riso para o PSDB. Os investigadores já sabem que parte da quantia de dinheiro desviada por Nárcio tinha um destino: os cofres tucanos. A apuração revela que a quantia teve como finalidade abastecer as campanhas eleitorais de 2012 e 2014.
Dos 14 denunciados, sete ainda cumprem prisão preventiva. Entre eles, o "amigo fraterno" de Aécio. O senador e seu colega Anastasia, não são alvos das investigações.

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