Tentar intimidar Marcelo Auler é mau negócio. Até O Globo vai divulgar
Quando, há um ano, apresentei aos leitores deste Tijolaço o recém-nascido Blog do Marcelo Auler, adverti que era mau negócio tentar “dar voltas” no experiente repórter, Prêmio Esso de Jornalismo na cobertura da queda de Collor, 42 anos de profissão a ensinar como não cometer imprudências e publicar aquilo que tem como provar.
Pois a tentativa de intimidação que lhe fazem delegados da PF de Curitiba, procurando calá-lo pela ameaça de punição em dinheiro só vai fazer uma coisa com Marcelo: aumentar a sua disposição de apurar a verdade.
Não há uma linha que Marcelo publique que não possa provar. Tanto que até a O Globo chamou a atenção o absurdo da proibição judicial de publicar o que apurou sobre as entranhas da Operação Lava Jato. Parece que os juízes de Curitiba acharam que era, como diz a grande imprensa, mais um “blogueiro sujo”. Não só, como este blog aqui, não recebeu um tostão de dinheiro público como, também, nenhuma ameaça de ser punido no bolso vai fazê-lo parar de ser profissional.
Porque, talvez muita gente não entenda isso, quando a gente escolhe ser jornalista, desiste (ou devia desistir) de amar e ou de temer o dinheiro.
Justiça tira do ar reportagens sobre Operação Lava-Jato
Alessandro Giannini , em O Globo
SÃO PAULO — Por ordem da Justiça, dez reportagens sobre a Operação Lava-Jato e a Polícia Federal do Paraná publicadas no blog do jornalista Marcelo Auler entre novembro do ano passado e abril foram tiradas do ar no início de maio.
Os textos tratavam de vazamentos de informações supostamente por parte de delegados e procuradores, e grampos nas celas e dependências de presos. As ações foram movidas pelos delegados Erika Mialik Marena e Mauricio Moscardi Grillo, da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Paraná.
As decisões foram proferidas pelos juízes Nei Roberto de Barros Guimarães, do 8º Juizado Especial Cível, e Vanessa Bassani, do 12º Juizado Especial Cível, ambos de Curitiba. Guimarães deferiu liminar sobre ação movida pela delegada Erika, que alegou, por meio de sua advogada, que duas das reportagens “colocam em dúvida sua seriedade de caráter enquanto delegada da Polícia Federal atuante no Grupo de Trabalho da Operação Lava-Jato”.
Vanessa decidiu sobre processo por danos morais aberto por Moscardi e proibiu que novas matérias fossem publicadas “com o conteúdo capaz de ser interpretado como ofensivo ao reclamante”.
— Censuraram as matérias sem me ouvir ou verificar os argumentos, documentos e depoimentos em que me baseei para publicá-las — disse Auler, que recorre da decisão.
Procurados, os delegados da PF não responderam aos recados deixados pelo GLOBO na assessoria da PF.
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