Nas ruas, o recado: o Brasil não quer uma ponte para o século 19

1º DE MAIO
No Dia do Trabalho, homenagem aos mortos de Chicago em 1886 por lutar pela redução de jornada de 16 horas/dia, as manifestações miraram a defesa das conquistas e a resistência ao retrocesso
por Redação RBA publicado 01/05/2016 21:24
MARCIA MINILLO/RBA
São Paulo
No Anhangabaú, CUT, CTB, Intersindical, e movimentos reunidos nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deram o recado
São Paulo – O 1º de Maio, como tradicionalmente acontece há 130 anos, mais vez ecoou em diferentes línguas, sotaques e tons as angústias, celebrações e aspirações do mundo do trabalho. No Brasil, as relações entre capital e trabalho – também em alguns aspectos entendida como luta de classes – nunca estiveram tão azedadas como atualmente pelo menos desde os anos 1950/60, entre a tentativa de golpe contra Getúlio Vargas e o golpe consumado contra João Goulart.
Ambos em atos de explícita violência contra a ordem institucional e democrática, e tendo como operadores os mesmos operadores de hoje: os detentores do grande capital, dos meios comerciais de comunicação, e tendo como principal argumento para seduzir os habitantes dos andares inferiores o combate à corrupção. Enfim, é o andar de cima da luta de classes com seu “poder de sedução” – concentrado na mídia, em setores do Judiciário e em rios de dinheiro com que mantêm seus representantes no Legislativo. Sempre em erupção quando a democracia passa dos limites e, por meio dela, o andar de baixo começa a se empoderar, ainda que sob um regime de conciliação de classes. Para embelezar o golpe, desta vez dão-lhe o nome de “Ponte para o Futuro”.

Assim, o 1º de Maio no Brasil não poderia ter outro assunto principal que não a tentativa do andar de cima de derrubar o governo trabalhista de Dilma Rousseff – ainda que ela tenha dado tantos sinais de que o grande capital não teria que se preocupar com seus anéis, tampouco com seus dedos.
Este Dia do Trabalho teve, portanto, como ponto central a defesa da democracia, e de tudo aquilo que está inscrito na Constituição. Como bem definiu a presidenta Dilma, em seu discurso no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, os que operam o golpe contra seu mandato têm todo direito de oferecer seu programa à sociedade, mas não podem impor seu projeto à força. E o que querem impor não foi o programa que venceu as eleições.
Foram atos por todo o país celebrando o sabor das conquistas alcançadas nos últimos 130 anos, e a disposição de ir à luta contra os que pretendem ver a relação capital e trabalho se tornarem tão desiguais com as de maio de 1886 – que levaram aqueles operários de Chicago à luta ou à morte. Foi um 1º de Maio de rebelião contra a construção dessa ponte para o passado.
MIDIA NINJA E MARCIA MINILLO/RBAshow
Dilma avisou aque vai resistir. Tico Santa Cruz, do Detonautas, de camisa na UNE, bandeira da CUT e boné do Chê, disse que tem lado
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASILRio Lapa
No Rio de Janeiro, a CUT promoveu manifestação nos Arcos da Lapa. E junto com a Frente Brasil Popular (foto de baixo), dia de luta contra o impechment.
Rio 2
SUMAIA VILELA/FRENTE BRASIL POPULARRecife
Recife foi palco de protestos pela democracia. E sobrou para o golpista Habbib’s, aos gritos de “fêcha! fêcha!” (assim, com circunflexo no “ê”)
Recife 2
MIDIA NINJAPorto Alegre
Porto Alegre deu o seu recado e deu nome aos bois, assim como Fortaleza (mais abaixo)
Fortaleza
MIDIA NINJABrasília
Em Brasília, dia de "desvotação: dos cidadãos inconformados com os senadores que, mesmo sabendo que impeachment sem crime é golpe, dizem sim ao golpe
MIDIA NINJABH
Em Belo Horizonte, Levante Popular da Juventude faz no prédio senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), campeão de pedaladas que quer derrubar a presidenta por muito menos do que ele fez quando governador
ISMAEL FRANCISCO/CUBADEBATE/FOTOS PÚBLICASCuba 1
Em Havana, milhares acompanharam desfile. No detalhe, Gerardo Hernández, um dos cinco heróis cubanos presos por defender seu país de ataques terroristas provenientes dos EUA
ISMAEL FRANCISCO/CUBADEBATE/FOTOS PÚBLICASCuba 2
Cubanos também mandaram apoio contra o golpe no Brasil. Se você disser qu Cuba não vale por ser capital mundial do socialismo...
JORNALISTAS LIVRES/REPRODUÇÃOEUA
... então fique com o apoio vindo de Nova York, capital mundial do "democrático" sonho americano

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