Defesa de Lula denuncia uso do ex-presidente para "dar publicidade" à investigação

 
Jornal GGN - Em nota divulgada nesta sexta-feira (20), o MPF do Distrito Federal e a Polícia Federal afirmaram que foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para investigar se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticou "tráfico internacional de influência em favor da Construtora Odebrecht". Em resposta, os advogados de Lula lamentaram o uso "indevido" do nome do ex-presidente.
 
"É reprovável que o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF/DF) e a Polícia Federal (PF) tenham utilizado o nome do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para divulgar, nesta data (20/05), medidas de investigação autorizadas pela Justiça", publicaram os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins.
 
A defesa informou que as medidas "não envolvem Lula". "Prova disso é que o MPF e a PF afirmam, na mesma nota que faz referência ao nome do ex-Presidente, que “a investigação é sigilosa” e os nomes efetivamente envolvidos “não serão divulgados” — não havendo, diante disso, qualquer explicação para a menção ao nome de Lula", criticaram.
 
As medidas cautelares cumpridas em Santos envolveram duas pessoas físicas e duas empresas alvos da operação, que não foram revelados pelos investigadores. A solicitação partiu de inquérito policial no fim do último ano, para dar sequência a apuração de maio de 2015, se o ex-presidente teria recebido "vantagens econômicas indevidas" para influenciar "agentes públicos estrangeiros notadamente na República Dominicana, Cuba e Angola".
 
Tratam-se de negociações a nível de Relações Exteriores realizadas pelo ex-presidente Lula, durante sua gestão, entre empresas nacionais - o grupo Odebrecht junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 
 
No último ano, Lula já negou os fatos. Esclareceu que "depois que deixou a Presidência da República passou a realizar palestras, a exemplo de outras pessoas que já ocuparam o cargo no Brasil e no exterior — e é remunerado para essa atividade. Não presta consultoria e tampouco faz qualquer intermediação de negócios". Além disso, em depoimento ao MPF, o ex-presidente afirmou que "nunca fez lobby e que respeita os profissionais de carreira que trabalham no BNDES".
 
Os advogados apontam "diversas irregularidades praticadas na condução do procedimento desde o seu nascedouro", "a começar pelo fato de ter sido instaurado por um Procurador da República que mantinha em suas redes sociais diversas publicações revelando ódio ao governo de Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, e também ao partido político ao qual estão vinculados".
 
Segundo Teixeira e Zanin, o procedimento "já passou pelas mãos de mais de 10 (dez) Procuradores da República e sofreu sucessivas redistribuições, capitaneadas por pessoa já demitida do Ministério Público a bem do serviço público, com a clara intenção de escolher a autoridade que iria dirigir os seus rumos".
 
Diante desse cenário, apontam "mais uma tentativa de alguns agentes públicos de macular a honra e a reputação do ex-Presidente, além de utilizar o seu nome para dar uma publicidade indevida a uma operação policial sigilosa e da qual ele não é parte".
 

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