As centrais não estão divididas, afirma dirigente da CTB

WAGNER GOMES
Para sindicalista, governo interino, considerado "ilegítimo" pela entidade, assim como a CUT, não apresentará nenhuma proposta aceitável. "O ministro da Fazenda já disse o que ele quer"
por Vitor Nuzzi, da RBA publicado 24/05/2016 17:12
PORTAL CTB
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Wagner Gomes: 'Centrais são dos trabalhadores. É esse o entendimento que a gente deve ter'
São Paulo – Apesar de posições contrárias em relação ao presidente interino, Michel Temer, as centrais sindicais não racharam, disse hoje (24) o secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, durante seminário no Dieese sobre combate ao desemprego. "As centrais não estão divididas. Elas são dos trabalhadores. É esse o entendimento que a gente deve ter", afirmou. Isso não significa, no entanto, que a CTB participará de qualquer mesa de negociação que envolva o governo interino. Também é essa a posição da CUT, apesar de esforços de dirigentes de outras centrais, que têm tentado convencer CUT e CTB a negociar. As duas consideram o governo "ilegítimo".

Quatro centrais (CSB, Força Sindical, UGT, Nova Central) entregaram a Temer um documento com reivindicações antes mesmo da aprovação da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff no Senado. E integram um grupo de trabalho, formado pelo governo interino, para discutir a reforma da Previdência. CUT e CTB recusaram-se a participar. "A gente não acredita que venha proposta nenhuma que possa ser aceita pelas centrais. O ministro da Fazenda já disse o que ele quer", diz Wagner Gomes.
Ele afirma que as centrais discutirão em seu próprio fórum, para tentar tirar propostas de consenso. "Discutir com o governo mesmo não nós vamos." Segundo ele, isso só poderia acontecer se o afastamento de Dilma tornar-se definitivo, ao fim do julgamento do processo. "Se ele (Temer) virar presidente de fato, podemos ir, a contragosto."
No debate promovido pela manhã até o início da tarde pelo Dieese, na região central de São Paulo, com participação de cinco centrais (CTB, CUT, Força, Nova Central e UGT), Gomes disse que as sinalizações do governo interino são negativas. "Se tiver essa visão de diminuição do Estado e enxugamento dos investimentos em todas as áreas, o problema (do desemprego) vai crescer", afirmou. "Tem um ministro da Fazenda que, se depender dele, privatiza até o presidente da República", ironizou.
O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou o país tem uma estrutura sindical e legal que dificulta as negociações de abrangência nacional e a organização no local de trabalho. "Precisamos valorizar cada vez mais as negociações nacionais, como o programa de renovação da frota."
O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), Wagner Santana, avaliou que o movimento sindical ainda age "reativamente", e não de forma preventiva, contra as crises cíclicas do capitalismo. Para ele, foi o que aconteceu no período recente, em que o movimento sindical participou da disputa política no país, intensificada nos últimos 12 meses.
O dirigente avalia que é momento de discutir questões como o uso de parte das reservas internacionais ("Temos a necessidade de ter US$ 370 bilhões, US$ 380 bilhões?") e retomar pautas como a da redução da jornada. "Esse debate tem de voltar como fator de estancamento do desemprego." Segundo o dirigente, qualquer discussão sobre mudanças na legislação precisa estar "amarrado a um forte esquema de enraizamento do sindicato no local de trabalho".

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