A mídia suja acha que os blogs comem do mesmo lixo que ela.

war
O Globo anuncia que serão cortados os anúncios do Governo e das estatais dos “blogs pró-governo”. Governo Dilma, naturalmente.
Embora seja difícil escrever sob o impacto de uma notícia que tira deste blogueiro a imensa quantia de ZERO reais, pois nunca recebeu um “tusta” do Governo Federal, é muito curioso ler que a Secretaria de Comunicação Social do presidente interino Michel Temer “deve rever a política atual, que distribui recursos a blogs e sites opinativos”.
Se Stanislau Ponte Preta estivesse por aqui, seu distraído personagem, o primo Rosamundo, perguntaria, com seu ar bocó: Será que isso vai incluir a Veja?

Ou a Globo, onde o personagem que a matéria destaca como da comunicação de Temer, Laerte Rimoli foi diretor, depois de servir a Moreira Franco (ganhou até uma denúncia, junto com ele, do Ministério Público Federal pela ” suposta prática do delito de peculato (modalidade “desvio”), tipificado no artigo 312 do Código Penal“)?
Isso, claro, antes de ser convocado pelo ínclito Eduardo Cunha para ser diretor de comunicação da Câmara dos Deputados,  o que já demonstra a austeridade de suas companhias.
Quer dizer que, agora, está banido o “conteúdo opinativo”? Porque não vale dizer que a mídia mantém estes blogueiros contratados – o que não é crime nem vergonha – com o dinheiro que fatura em sua caixa única.
Embora todos eles tenham sido generosamente abastecidos de verbas publicitárias nos governos Lula e Dilma, já deram a ordem: matem a blogosfera, tirando-lhe o pão.
O que eles identificam como pão são os anúncios, que ainda enxergam como as “marretas” dos anos 50-60, sem entender que comunicação não é investimento que se reproduz economicamente.
Nem vale a pena citar como os governos petistas acharam que era com isso que iam amansar as feras da mídia.
Importa muito mais dizer que não vão matar à míngua, de fome, quem não se alimenta, como eles, do amor por dinheiro e do dinheiro sem amor.
Com o perdão das putas, nem todo jornalismo é bordel, ainda que tenha caminhado, pela alienação, muito neste sentido.
Só não solicito que a Secom realoque na devida parte de si mesma a verba destinada a este blog porque, como é zero, não teria como fazê-lo.
O Tijolaço e toda a blogosfera, inclusive aquela que, corretamente, recebeu anúncios estatais por ter audiência, como tem este blog, não viviam disso e por isso não morrerão.
Outro dia, numa conversa com Paulo Nogueira, cheguei a dizer que essa previsível postura do Governo Temer a mim só traria lucros imensos: o de não ter de ouvir imbecis dizerem que vivia à custa do Governo.
Embora tenha pedido nome e endereço, inutilmente, para ver se ganhava algum – não sou pobre orgulhoso pra dizer que não preciso – jamais me deram para o devido processo de indenização.
Sei que é difícil de acreditar – até meu irmão, pequeno lojista numa cidade do interior ficou de boca aberta quando lhe mostrei o extrato do banco e o pinga-pinga das gotas modestas mas generosas dos leitores  – em milagres, mas não é milagre o desejo de pluralidade.
Seria mercado, se não fossem tão burros, atrasados, gananciosos e, sobretudo, autoritários, como são autoritários ao extremos os “negócios de família” oligárquicos.  Até os coronéis da cana e do café já se foram. Sobraram só os da mídia, que logo vão perder – como se antecipa na Band – seus negócios para os estrangeiros.
O único que me entristece, nisso, é ver o Governo brasileiro ser tomado pela visão de que a comunicação pública só se presta para encher as burras dos amigos.
Quando os dois magnatas da imprensa dos EUA, Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst, travaram, no final do século passado, travaram a “guerra da mídia” que levaria o próprio país à guerra contra a Espanha ( tendo como palco a ilha de Cuba) ganharam dinheiro sem escrúpulo algum, mas basicamente vendendo jornal.
Os nossos magnatas da mídia – ao contrário de Pulitzer e Hearst, todos herdeiros e habitantes das listas de escândalos internacionais – vendem cada vez menos jornal e cada vez mais o país, seu povo e são incapazes de viver com qualquer arremedo sequer de pluralidade no jornalismo ou na política.
Praticam uma ditadura que conseguiu sobreviver à democratização do país, que jamais conseguiram internalizar, aceitando como mera casca.
Da qual se livram, agora, ao custo também de promover tempos de guerra. Mas não numa ilha distante. Aqui mesmo, pelos motivos de todas as guerras, poder e dinheiro.
Lamento informar estes senhores que o dinheiro compra quase tudo.
Quase tudo, apenas, não tudo e todos.

Comentários