Mauricio Dias: Diretas já?

Eleitores entre 16 e 34 anos reforçam a opção de nova eleição como a melhor saída para a crise política
por Mauricio Dias —  na Carta Capital - publicado 29/04/2016 15h56, última modificação 30/04/2016 10h01
                                                                                                 Roberto Stuckert Filho/ PR
As chances são mínimas, mas ainda há esperança de reverter o golpe
A presidenta Dilma Rousseff, para os esperançosos, ainda tem chance de reverter o golpe contra ela, iniciado na Câmara e bem próximo de se consolidar no Senado. A possibilidade, porém, é muito pequena e, caso ocorra, só poderá ser concretizada na terceira etapa do julgamento. 
Nesse período ela ficará afastada do governo por até 180 dias.
Dilma poderá voltar ou não ao poder. Na ausência dela, o vice Michel Temer será o presidente por força de lei. Ele completará o restante do mandato, conquistado em 2014 e iniciado em 2015, ou será apenas uma solução temporária? 

Afora os problemas de Temer com aOperação Lava Jato, quanto tempo poderá durar o mandato-tampão de um ex-presidente sem voto e com a incômoda pecha de traidor? 
Pesquisa divulgada recentemente pelo Ibope deu, em parte, resposta a essa pergunta. A melhor “saída da crise política”, a solução para 62% dos entrevistados, seria o afastamento de Dilma e Temer. 
Esse porcentual contém uma surpresa: 70% dos eleitores mais jovens, entre 16 e 24 anos, são os mais interessados nessa solução. Na sequência, agrupam-se outros 66% de eleitores de 25 a 34 anos. Não se afastam muito da faixa etária subsequente (65%), mas guardam distância, porém, das duas faixas etárias mais idosas (quadro).
Essa projeção da juventude, registrada na pesquisa, reflete as manifestações de rua ocorridas nas últimas semanas, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Só agora os movimentos sociais organizados despontam. Com muito mais vigor. De um jeito ou de outro, todos vão à luta em protesto contra o impeachment em andamento. 
Tabela de votos
A escolaridade, do ensino fundamental ao superior, praticamente explica a decisão majoritária dos entrevistados. Há, porém, uma divergência expressiva. Na base, até a 4ª série, a opção pela “saída política” cai para 48%.
Provavelmente, uma resposta de apoio à atenção dos governos petistas pela população mais pobre: 36% dos estudantes nesse grupo consideram que Dilma deveria continuar o mandato “com um novo pacto entre governo e oposição”.
E se Michel Temer, como é possível, assumir? Segundo a pesquisa, apenas 8% da população considera a “melhor forma para superar a crise”. Há também um equilíbrio entre essa resposta e a idade do eleitor.
Dilma, permanecendo no poder, seria a melhor saída para a crise, conforme apontam 25% dos entrevistados pelo Ibope.
Os eleitores querem votar. E apontam a direção: renúncia da presidenta e do vice. Ambos, hoje, em confronto absoluto. Nessas circunstâncias, talvez seja preciso ampliar a voz das ruas e tentar repetir o sucesso das “Diretas Já”.
                                                                                                        



Comentários