Lideranças anunciam desfiliação do PSB após apoio da sigla a golpe
Líderanças do movimento de juventude do PSB enviaram carta aos militantes do partido, na qual criticam as posições tomadas pela sigla desde 2014. Entre elas, o apoio ao tucano Aécio Neves na eleição daquele ano, os votos favoráveis à redução da maioridade penal, a filiação de políticos da antiga Arena e PFL e o apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
De acordo com os ex-militantes, de 2014 para cá, observou-se "o despertar de uma inflexão nas posturas do PSB, as quais passaram a obedecer muito mais à lógica do fisiologismo e da pequena política que a qualquer orientação programática".
O texto faz então uma espécie de retrospectiva das decisões da cúpula que assumiu o partido, a partir da morte do ex-presidente Eduardo Campos. "Assistimos lamentavelmente à decisão do partido que agora nos desfiliamos de aliar-se, no segundo turno das eleições de 2014, ao campo representante daquilo que há de mais retrógrado e conservador no nosso país – o PSDB e seu candidato Aécio Neves".
Para os ex-militantes, o apoio a Aécio foi "um marco no desvirtuamento da história socialista, ao qual se seguiram, mês após mês, posturas reprováveis e inadmissíveis para uma militância de esquerda". O texto enumera então, medidas como o voto do PSB favorável à redução da maioridade penal, "contrariando o posicionamento histórico do partido que, inclusive, havia sido reafirmado em reunião recente da Executiva Nacional."
Os ex-integrantes da sigla também mencionam a votação do projeto sobre a terceirização, que "mostrou um partido dividido e sem compromisso com o posicionamento da base e da esquerda", e a filiação de "políticos identificados com o campo reacionário", como Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen, o que "deve fazer Miguel Arraes se revirar no túmulo", diz a carta.
"A gota d’água veio no último domingo, dia 17 de abril, quando o legado de Miguel Arraes, João Mangabeira e Jamil Haddad foi emprestado ao que há de mais atrasado na política brasileira", afirma a carta, referindo-se à votação do pedido de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
"Aliando-se a Eduardo Cunha, Michel Temer e Jair Bolsonaro na deposição de uma presidenta democraticamente eleita – a qual , apesar dos inúmeros erros de seu governo, foi a escolhida pela maioria da população brasileira para governar o país – o Partido Socialista Brasileiro deixou de lado qualquer vínculo com o Socialismo e com a legalidade democrática, e entrou para a História ao lado do campo conservador, antidemocrático e golpista", condena.
O documento critica ainda a subserviência do PSB aoPSDB em São Paulo e o debate centrado na ocipação de cargos no Distrito Federal.
"A impressão que fica é a de que o PSB está sem rumo, sem identidade, sem projeto, sem objetivos. A possibilidade de trazer Geraldo Alckmin, mesmo que não se concretize, já é sintomático do esvaziamento político que vivemos", dizem os antigos militantes, que afirmam ver com simpatia o surgimento do Raiz Movimento Cidadanista, liderado pela também ex-PSB, Luíza Erundina.
Entre os que subscrevem a carta estão André Dutra Silva Magalhães, ex-presidente da Juventude Socialista Brasiliera (JSB) e ex-integrante do Diretório do PSB-DF; Fabiana Oliveira, ex-Secretária de Juventude do Município de São Paulo; Gabriel Rolemberg Serwy, ex-integrante da Coordenação da JSB no DF; Gabriel Villarim, ex-membro do Conselho de Ética do PSB-DF; Larissa Arantes
ex-Secretária de Comunicação da JSB-DF; Leandro Grass, ex-membro do Fórum de Educação do DF; Pablo Feitosa Nunes Amorim, ex-dirigente da Negritude Socialista Brasileira; Pedro de Castro Amaral Vieira, ex-assessor da liderança do PSB na Câmara dos Deputados; Raphael Sebba D. F. Curado, ex-integrante do Diretório Nacional do PSB; e Victor Daniel Diniz Quaresma, ex-Presidente da JSB do município de São Paulo e ex-Coordenador do Núcleo de Base dos Internacionalistas.
Do Portal Vermelho, com Brasil 247
Comentários