Encontro de vazadores: Trautman e Temer. E nós, os blogs, somos os sujos?

trautmanmoreira
Uma pessoa de bem tem, antes de tudo, decoro.
Ninguém é obrigado, por exercer uma função de assessoria, a concordar com tudo que o assessorado faz ou fala.
Divergi dúzias de vezes de Leonel Brizola e isso não nos privou de 20 anos de convívio diário e pleno de confiança.
Em outra escala, todos sabem que deixei o PDT depois de 30 anos de militância e não há um leitor que me veja desancando seus dirigentes.
Por isso, é moralmente repugnante a cena vista hoje, em que o ex-porta-voz de Dilma Rousseff, Thomas Trautman, vai visitar, ao lado do  infausto Moreira Franco, o beneficiário do golpe que está derrubando a Presidenta da República, Michel Temer.

Se foi como político, é abjeto. Se foi como “profissional de imagem”, o que ele nega, não seria muito diferente:  mercenário e vil.
Mesmo o selvagem mercado de publicidade, dificilmente um executivo de contas de uma empresa vai parar no mesmo lugar na empresa concorrente.
A cena, entretanto, não pode deixar de despertar suspeitas de que o famoso “vazamento” do documento em que Trautman apontava a “comunicação errática” (comandada por ele mesmo, aliás) do Governo tenha seguido as “regras” dos  “vazamentos” da carta, primeiro, e depois do áudio do conspirador por ele visitado hoje.
Trautman não mudou um milímetro a estrutura de distribuição de verbas publicitárias e muito menos o tom burocraticamente republicano da comunicação governamental.
Os grandes grupos de mídia continuaram sendo entupidos de dinheiro e os blogs, que se mostrariam a linha de frente  da defesa do governo sitiado, por receberem, alguns, migalhas de propaganda (o que nada tem de errado, pois têm público que o justifica) ficaram com a fama de “sujos”.
(Este blog aqui não pediu e não recebeu um tostão e, por isso, tem a altivez de mandar que dobrem a língua os canalhas que ousarem dizer que as posições políticas aqui são remuneradas, senão pelos seus leitores e pelos anúncios do Google que, ao contrário da Secom de Trautman, não discrimina e paga – muito mal – por cliques e acessos)
O documento de Trautman, entretanto, ajudou a espalhar esta versão.
O que digo nada tem a ver com “patrulha ideológica” sobre a prestação de serviços de assessoria de comunicação, posição que nunca assumi e que respeito até o limite da repugnância)
Tem a ver com ética e decoro, ingredientes escassos, como se viu, neste momento vergonhoso da vida brasileira.
A pergunta inevitável é: quem são os sujos, os mercenários da comunicação neste país?
Blogs semi-artesanais, um ou outro com pequenos anúncios, às vezes, ou ,como este, feitos sem eles por um solitário teimoso? Ou são aqueles profissionais e veículos do grande mundo, que ganham do governo que derrubam para ganhar muito mais do governo que querem impor?

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