Delator aponta pagamento de US$4,6 mi em 22 parcelas a Eduardo Cunha

Porto Maravilha

Em delação, Ricardo Pernambuco entregou tabela que detalha pagamento de supostas propinas, relacionadas ao Porto Maravilha, ao presidente da Câmara
por Redação — da Carta Capital -  publicado 15/04/2016 15h15

Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara Eduardo Cunha
O maior repasse, ocorrido em 2013, teria sido de 391 mil dólares, depositados em conta de Cunha no banco suíço Julius Baer
O empresário Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, entregou, em delação premiada à Procuradoria-Geral da República, uma tabela que detalha o pagamento de supostas propinas no valor de 4,6 milhões de dólares a Eduardo Cunha, divididos em 22 depósitos. A tabela e conteúdo da delação foram revelados pelo jornal O Estado de São Paulo.
Segundo Pernambuco, empresas relacionadas às obras do Porto Maravilha, programa de revitalização urbana da região portuária do Rio de Janeiro, deveriam pagar ao presidente da Câmara 52 milhões de reais, ou 1,5% do valor total referente à compra dos Certificados de Potencial de Área de Construção (Cepac`s) pelo Fundo de Investimento do FGTS. A Carioca teria direito a 13 milhões de reais.

De acordo com a tabela, o maior repasse ocorreu em 26 de agosto de 2013. Foram 391 mil dólares depositados em uma conta do presidente da Câmara no banco suíço Julius Baer.
Segundo a reportagem, Pernambuco narrou o encontro com Cunha para combinar como seriam realizados os pagamentos no exterior. Em 2011, uma reunião no Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro, teria ocorrido entre o pai do empreiteiro e o peemdebista para acertar a parte de Cunha relativa à aquisição dos Cepacs.
O pai de Pernambuco teria sido informado que Léo Pinheiro, da OAS, e Benedicto Junior, da Odebrecht, comunicaram uma solicitação e um "compromisso" com Cunha em relação à compra dos Cepacs. Pernambuco afirma ter se reunido com o peemedebista no início de agosto de 2011.
O empresário diz que questionou sobre a possibilidade de os pagamentos serem feitos em contas no exterior, para o dinheiro não passar "por dentro da empresa". Cunha teria então indicado a primeira conta na qual o pagamento deveria ser depositado.
Em reunião posterior, Pernambuco diz ter perguntado a Cunha da possibilidade de o parlamentar receber em uma conta na Suíça. O presidente da Câmara teria sugerido a conta Esteban Garcia, no banco Merryl Lynch Bank. A partir desse momento, os depósitos foram todos destinados a contas de Cunha no país europeu, segundo a delação.

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