Peru: A um mês da eleição presidencial, Justiça impugna 2 candidatos; Fujimori é beneficiada


Movimentos sociais organizam protestos pedindo impugnação de Keiko Fujimori; outros dois concorrentes são acusados de cometer irregularidades eleitorais

A um mês das eleições presidenciais do Peru, as candidaturas do segundo e quarto colocados na disputa, Julio Guzmán e César Acuña, respectivamente, foram impugnadas pela Justiça por irregularidades. O anúncio, feito nesta quarta-feira (09/03) beneficia, ainda que indiretamente, a candidatura de Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, primeira colocada, segundo pesquisas de intenção de voto realizadas no país.
A decisão de invalidar as candidaturas se deu pelo JNE (Jurado Nacional das Eleições), corte eleitoral do Peru, por três votos a dois. Juntos, Guzmán e Acuña reuniam cerca de um quarto das intenções de voto do país.
Agência Efe

Julio Guzmán (esq) e César Acuña tiveram suas candidaturas à presidência invalidadas
Apesar de Fujimori ter ficado virtualmente sem um oponente capaz de levar a disputa para um segundo turno, pesquisa recente realizada pela empresa GfK aponta que 28% dos eleitores ainda não definiram seu candidato.

Organizações sociais peruanas anunciaram, nesta quarta, que farão mobilizações para exigir que Keiko Fujimori também seja excluída da disputa por ter cometido os mesmos ilícitos que Acuña. Nas últimas horas, sites e jornais locais divulgaram irregularidades também nas campanhas de Pedro Pablo Kuczynski (atualmente em segundo lugar) e do ex-presidente Alan García, cuja impugnação é pedida devido aos processos na Justiça que são movidos contra ele, incluindo um por suposta vinculação com o narcotráfico.
A íntegra do pedido de impunação contra García pode ser lida aqui:
De acordo com a Constituição peruana, se nenhum candidato obtiver pelo menos 50% dos votos em 10 de abril, haverá um segundo em 5 de junho.
Segundo colocado
Guzmán, do TPP (Todos pelo Peru), que até então figurava como segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, foi removido da corrida eleitoral devido a infrações cometidas pelo seu partido, o Todos pelo Peru, durante o lançamento de sua candidatura.
“Este Supremo Tribunal Eleitoral conclui que a fórmula presidencial apresentada pelo partido político é resultado de um procedimento incongruente com suas próprias normas internas (...). No entanto, estas incidências são de responsabilidade do partido, que não realizou seu trabalho de maneira mais organizada e com a devida antecipação”, disse o JNE em comunicado.
Agência Efe

Especialistas consideram que pedido de recurso não terá serventia para caso de Guzmán
O político, tido como um fator surpresa dessas eleições, anunciou que convocará protestos contra a medida. “Nós estamos chocados com essa decisão que consideramos totalmente injusta”, disse o porta-voz do Todos pelo Peru, Daniel Mora.
Quarto colocado
O JNE também anulou a candidatura do empresário César Acuña por entregar “presentes” para os eleitores durante campanha nas cidades de Piura e Chosica. Ele é acusado de ter entregue cerca de US$ 2.800 (cerca de R$ 10.350) em espécie a uma associação de comerciantes em Lima.
Acuña, do partido APP (Aliança para o Progresso), defendeu que seu gesto foi de “ajuda humanitária”, visto que um dos beneficiados foi um morador de rua, mas a corte determinou a conduta como "proibida”.
O candidato, que é dono de diversas universidades do país, chegou a figurar em segundo lugar na disputa, mas denúncias de plágio em seus trabalhos acadêmicos e de um livro o levaram para a quarta colocação. Em sua defesa, Acuña diz que apenas se “esqueceu de colocar aspas” nas citações de autores e diz ser coautor do livro de Otoniel Alvarado, assinado como seu.
Primeira colocada
Com a decisão da Justiça de hoje, Keiko Fujimori, do direitista partido Força Popular, fica virtualmente sem um opositor capaz de impedir sua vitória em 10 de abril.
Vídeo mostra Keiko supostamente participando da entrega de prêmios em dinheiro em meio à campanha eleitoral

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