Para filho de Jango, Fiesp 'continua com a cabeça em 1964'

NÃO MUDOU
João Vicente diz que as Forças Armadas estão alinhadas com a legalidade, enquanto entidade paulista e mídia tradicional não evoluíram. E identifica interesses "entreguistas" no pré-sal
por Redação RBA publicado 22/03/2016 13:50
ASCOM/PDT
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João Vicente diz que o impeachment 'não pode ser atropelado por algum juiz ou pelo Congresso Nacional'
São Paulo – "Vejo com tristeza que a Fiesp continua com a cabeça em 1964, quando conspirou contra a legalidade e financiou ações golpistas", diz João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, em entrevista à Agência Sindical, publicada ontem (21). Ele se referia à Federação das Indústrias paulista, que decidiu apoiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e tem sido ponto de apoio dos manifestantes antigoverno.
Na entrevista, João Vicente cita entidades criadas no pré-golpe, como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), que ajudaram a derrubar o governo Jango, produzindo peças de rádio e televisão contra as reformas de base e também combatendo o comunismo. E ressalta a postura atual das Forças Armadas, "alinhadas à legalidade, ao que estabelece nossa Constituição".
Isso não ocorre com outros setores, acrescenta. "A mesma evolução não se vê na Fiesp ou na grande mídia, que fazem campanha pela derrubada do governo."

Ele lembra que a figura do impeachment está prevista na Constituição, mas que existe um rito a ser seguido e que "não pode ser atropelado por algum juiz ou pelo Congresso Nacional". Caso contrário, emenda, "fica claro que existe uma conspirata orquestrada".
O filho de Jango, deposto em 1964 e morto no exílio em 1976, defende unidade para defender a democracia e a legalidade. "É preciso ter unidade no sindicalismo e agregar parcelas da sociedade. Não importa se a pessoa é conservadora, desde que defenda a ordem jurídica", afirma, que elogia o senador Roberto Requião (PMDB-PR), mas critica o que chama de "ala golpista" da legenda. "Desde 1989, o maior partido do Brasil não lança candidato a presidente. Temer não tem voto. É diferente de Jango, que, quando vice pela primeira vez, foi mais votado que o próprio Juscelino." Em 1955, quando se podia votar em presidente e vice de partidos diferentes, JK teve 36% dos votos e Jango, 44%.
João Vicente relaciona as tentativas de desestabilizar o governo Dilma à disputa pelo controle de um setor estratégico. "É um velho desejo de parte da elite nacional e dos entreguistas. Eles querem, de todo jeito, entregar nossas reservas do pré-sal."

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