'Lula não está preso nem condenado. Parem de ouvir boatos', alerta Jandira Feghali
ESTADO DE EXCEÇÃO
Deputada lembra que ex-presidente foi coagido a depor; Maria do Rosário vê coincidência entre 1964 e operação de hoje: "O mês é o mesmo, mas o roteiro do golpe mudou"
por Redação RBA publicado 04/03/2016 10:24, última modificação 04/03/2016 12:40
LUIZ CARLOS MURAUSKAS/FOLHAPRESS
São Paulo – A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que está em São Paulo, fez uma postagem em sua página no Facebook, na qual chama a atenção para boatos segundo os quais Lula estaria sendo preso, o que não é verdade. “Lula não está preso nem condenado. Parem de ouvir boatos, é isso que essa direita criminosa quer. Está depondo em Congonhas dentro de um mandado coercitivo que só quer uma coisa: produzir o espetáculo midiático para os golpistas.”
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), no Twitter, fez uma referência à sinistra coincidência entre a deflagração da operação e o golpe de 1964. “É março, mas o roteiro do golpe mudou. Métodos atuais usam de espetáculos policial-midiáticos. Mas a luta de classes, essa é a mesma.”
Mais cedo, em vídeo improvisado e postado no Facebook, Jandira foi a primeira liderança a manifestar indignação: “Estou em São Paulo tentando me mover em torno do maior ato de exceção da República. Armaram na mesma semana todas as montagens possíveis pra fazer o que estão fazendo hoje, a condução coercitiva do ex-presidente Lula”, disse a parlamentar, em vídeo postado na mesma rede social. "Mais um passo na consolidação do estado de exceção. Sem provas, a Polícia Federal amanhece com mais uma operação, desta vez o alvo é o ex-presidente Lula. O maior líder popular que o Brasil já teve. Nossa indignação não será silenciosa. Vamos às ruas defender o Estado democrático de direito.”
Jandira também falou à Rádio Brasil Atual. “Estamos vivendo no Estado de exceção moderno”, disse.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou há pouco, em sua página no Facebook, que está se dirigindo à sede do PT em São Paulo em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “O presidente Lula está sendo vítima de uma perseguição política. Eu e todos os senadores e deputados da nossa bancada estamos indo à sede do partido em São Paulo para ficar com ele e defender sua integridade. Convocamos a todos para denunciar essa arbitrariedade e fazer sua defesa”, afirmou.
A deputada estadual do PCdoB do Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila ironizou o espetaculoso aparato policial para cumprir o mandado. “Lula deve ser o Bin Laden: 200 homens para acompanhá-lo a um depoimento?!? E o Gerdau, quantos eram? É o mesmo tipo de depoimento!”
O filósofo Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação, afirmou em sua rede social estar chocado. "Independentemente de qualquer coisa, não se trata assim um ex-presidente da República. É uma falta gigantesca de respeito, ou uma vaidade extremamente ilimitada do juiz que assim decretou. Como se fala em preservar as instituições quando uma primeira instância faz isso com um ex-presidente da República?", escreveu. "O promotor de SP deu marcha a ré, disse que não queria condução coercitiva, em suma, miou. O juiz de CWV, nem aí. Mas os custos institucionais serão altos. Quando o ódio chega ao ponto de faltar ao protocolo elementar, o espaço de diálogo, que já é hoje muito pequeno, se torna ainda mais exíguo."
Muitas pessoas chamaram a atenção nas redes sociais para um “estranho” post do editor da revista Época (das Organizações Globo), Diego Escosteguy, por volta das 2h, em que ele afirma: “Quase duas da manhã. Poucas horas para um amanhecer que tem tudo para ser especial, cheio de paz e amor”. A postagem indica que ele sabia da operação antecipadamente.
Em texto publicado ontem em seu blog O Escrevinhador, o jornalista Rodrigo Vianna alertou sobre quais seriam as intenções da edição do Jornal Nacional de ontem (3), que deu enorme espaço à suposta delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), mas nem uma linha do desmentido do parlamentar, divulgado por seus advogados. “A edição do Jornal Nacional cumpre uma dupla tarefa. Primeiro, preparar o terreno para nova operação da PF (agora centrada em Lula) que deve acontecer nos próximos dias. Um observador experimentado da política carioca me disse: os Marinho não promoveriam esse massacre, se não soubessem que o ataque é apenas parte de uma escalada maior. Portanto, estamos já numa escalada sem volta.”
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