Encolhida feroz para Wall Street: Muitas nuvens nos céus da reunião do G-20
Mike Whitney | ||
Traduzido por Coletivo de tradutores Vila Vudu |
Data de publicação em Tlaxcala: 03/03/2016
Ministros das Finanças e diretores dos bancos centrais das maiores economias do mundo reuniram-se em Xangai, China, durante o fim-de-semana, para discutir muitos dos problemas pelos quais eles mesmos são os únicos responsáveis.
No primeiro lugar da lista de problemas aparece a inabalável desaceleração do crescimento global a qual, em vasta medida, é resultado das políticas monetárias experimentais que bancos centrais implementaram a partir da recessão em 2009. Surpreendentemente, o grupo admitiu que as estratégias "de alívio" que inventaram [orig. "easing strategies"] não produziram a recuperação duradoura que tanto buscavam, mas, ao mesmo tempo, ninguém fez qualquer esforço para corrigir os próprios erros, nem ninguém cogitou de introduzir as mudanças necessárias para conter a queda do produto global. Adiante, breve recapitulação de Bloomberg:"Chefes das finanças das maiores economias do mundo prometeram que os respectivos governos farão mais para estimular o crescimento global, entre crescentes preocupações em torno da potência da política monetária.Pura conversa fiada, da mais fiada. Chefes das finanças das principais economias do mundo não comprometeram os respectivos governos a fazer mais para estimular o crescimento global. Bem ao contrário, não moveram um dedo para mudar coisa alguma. Por isso Wall Street vê-se em palpos de aranha, porque não conseguiram o alívio muito aliviado de dinheiro pelo qual tanto ansiavam. Claro. Agora que as ações estão nas cordas e os lucros corporativos só fizeram cair durante dois trimestres consecutivos (sinal de recessão iminente), os rapazes do big money querem é mais favores do Tio Sam, dessa vez no formato de estímulos fiscais e "reformas estruturais", que são codinomes secretos equivalentes a "medidas pró-business" – que sempre significam cortar salários dos trabalhadores e reduzir ainda mais os impostos sobre corporações vorazes – e o fim de qualquer regulação que ainda regule alguma coisa, para que Wall Street possa depenar mais facilmente "Nós, o Povo". "Investidores queimados no torvelinho dos mercados globais procuram por sinais de que os mais altos funcionários das finanças do mundo estão dispostos a tomar medidas para inflar o crescimento e acalmar os movimentos de moedas (...). Steven Englander, do Citigroup, disse que qualquer desconfiança de que os políticos não falarão, na declaração final, de apoio mais explícito a estímulos fiscais será visto com desagrado pelos investidores. Para Andrew Brenner, diretor de renda fixa na corretora National Alliance Capital Markets em New York, compromisso firmado com a expansão fiscal e clareza sobre a política monetária chinesa farão subir os fundos, semana que vem; e as ações despencarão, se nada se decidir quanto a essas questões (...).Já viram o que vem por aí? Todos já aceitam o fato de que a política monetária perdeu a eficácia. Então, agora, Wall Street quer facilidades fiscais. E pouco se importam com como as obtenham. Observem o cuidado de Mr. Englander com as palavras – e a clara ameaça: "Manter os mesmos termos de antes será grave desapontamento, e será visto ou como complacência ou como sinal de paralisia política." Em outras palavras: se os governos não facilitarem a vida para Wall Street, o big money vai bater-pezinho e dará outro monumental chilique. A Agência Reuters vem também com a mesma história. Confiram: "Os investidores podem voltar a posições prévias nos fundos, porque o G-20 não está conseguindo conduzir as economias na direção de novas medidas concretas para estimular a economia, disseram os analistas (...)"Alguns ficarão desapontados", diz Savary?? Ora bolas, que se buuuuuu-f*dam-se os desapontados!" Quero dizer, até quando continuaremos na doideira de conceber políticas que atendam exclusivamente às necessidades dos sanguessugas vampiros de Wall Street? Para bancos centrais e chefes de finanças, crescimento e mais empregos não valem, sequer, um peido. Não querem nem saber do estado geral da economia. Toda essa conversa é papo furado. É piada. A única coisa que lhes interessa são os lucros e os preços das ações. E só. O resto é só encher linguiça sobre "fazer mais para estimular o crescimento" ou "usar políticas fiscais para aprofundar a criação de empregos e aumentar a confiança. É de vomitar. Aqui, um pequeno excerto do comunicado do G-20: "A recuperação global prossegue, mas ainda é desigual e não atende nossa ambição de crescimento forte, sustentável e equilibrado (...). Mesmo reconhecendo esses desafio, ainda assim entendemos que a magnitude da recente volatilidade dos mercados não se refletiu nos fundamentos subjacentes da economia global."
Fundamentos? Que fundamentos? Bancos centrais globais compraram mais de $10 trilhões de portfólios pressionados, desde o fim da recessão em 2009. Alguém aí está pensando que essa redução na oferta pode ter afetado o preço de ações e papéis, um pouquinho só, que fosse? Um bem pouquinho?
Os investidores sabem que tudo isso é miragem. Sabem que ações cujos preços vão à estratosfera são mantidas em pé com goma de mascar e fita isolante. Por isso, todos saltam rapidamente para fora, e pedem resgates, ao primeiro sinal de confusão. E é isso que faz das confabulações do G-20 uma ocasião tão importante para as manchetes, porque os chefões das finanças e os 'cérebros' bancários absolutamente não tinham o que pôr sobre a mesa. Basicamente, mandaram Wall Street "empacotar areia". Chegaram até a dar as costas a um apelo emocional feito pelo FMI, para que tomassem "ação firme" para estimular o crescimento e evitar maiores danos ao já frágil sistema financeiro. Eis o que disse o FMI:
Para mim, está com cara de 'o FMI parou de só falar de arrocho e mais arrocho [dito 'austeridade', mas não é "austeridade", é ARROCHO], não é mesmo? O que lhes parece?
Mas o Fundo só está sendo pragmático. Agora que a política monetária deu côs burros n'água, estímulo fiscal é o único pôquer aberto na cidade. As coisas são como são. Ou os ministros de Finanças aceitam o fato e tratam de promover mais e mais gastos dos respectivos governos em programas de infraestrutura e coisa-e-tal, ou ações e lucros vão enfrentar uma encolhida feroz. Simples assim. Muito obrigado a Tlaxcala Fonte: http://www.counterpunch.org/2016/02/29/clouds-gather-over-g-20-summit/ Data de publicação do artigo original: 29/02/2016 URL deste artigo: http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=17385 |
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