DEBANDADA: Roberto Amaral considera natural saída de Erundina do PSB, e também deixa legenda

Ex-presidente do partido revela que redigia no final da tarde desta quarta-feira carta de desfiliação da agremiação, dirigida à militância: "Me sinto mais à esquerda não me filiando a partido algum"
por Eduardo Maretti,a RBA publicado 09/03/2016 19:23, última modificação 09/03/2016 19:31
EBC/ARQUIVO
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Amaral ficará sem partido, o que julga ser colaborativo no momento. Erundina deve ir provisoriamente ao Psol
São Paulo – "Você me afastou do computador, onde estou escrevendo minha carta de desfiliação do PSB, minha carta de despedida, me dirigindo aos militantes." Com essa frase, o ex-presidente do PSB e liderança histórica da esquerda brasileira, Roberto Amaral, atendeu ao telefonema da reportagem da RBA.
Amaral considera "natural" o anúncio, feito pela deputada federal Luiza Erundina (SP) hoje (9), de que está deixando a legenda. "É um  processo que já vem de longo prazo. Saiu o Glauber Braga, e agora a Erundina." A parlamentar alega "divergência ideológica". O deputado Glauber Braga (RJ) deixou o PSB em setembro de 2015 por discordâncias com o senador Romário (PSB-RJ). Amaral pretende divulgar a carta de despedida à militância do PSB na madrugada de hoje.

Erundina declarou, em outubro de 2014, se sentir "envergonhada" com apoio do PSB ao tucano Aécio Neves na eleição presidencial. O PSB que ela está deixando é presidido, em São Paulo, pelo vice governador paulista e grande aliado de Geraldo Alckmin (PSDB), Márcio França.
Erundina deve se filiar provisoriamente ao Psol, enquanto não consegue fundar oficialmente o Raiz, seu novo partido. A assessoria de Erundina não confirma que ela esteja indo para o Psol, mas que a deputada está concentrada na construção do Raiz e deve refletir sobre uma eventual nova legenda, enquanto a sua não se oficializa, até o dia 18, quando termina a janela de filiação aberta por nova legislação.
O Congresso Nacional promulgou dia 18 de fevereiro a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 182/2007, que abre espaço para os candidatos às eleições deste ano, que exercem mandatos de deputados ou vereadores, mudarem de legenda.
Roberto Amaral diz que não vai se filiar a nenhum partido. "Me sinto mais à esquerda não me filiando a partido algum, com todo respeito que tenho a todos eles. Não vejo como oportuno. Eu ajudo mais no momento não me filiando a partido."
Na sexta-feira (4), ele afirmou à RBA que o PSB “está virando instrumento do golpismo”. Em setembro de 2015, disse que a então provável definição do PSB de deixar a posição de independência em relação ao governo Dilma Rousseff, assumindo o papel de partido de oposição, era um “ato de absoluta coerência com o caráter dos atuais dirigentes do PSB”. “Eu acho até que é mais correta a posição assumida do que de uma independência fraudulenta. O PSB, desde outubro de 2014, joga no campo da direita", disse à época.

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