Covarde teve de pedir desculpas por jogar chope no rosto de mulher de blusa vermelha.
Houve, hoje cedo, uma manifestação da Frente Brasil Popular da Zona Sul do Rio de Janeiro,no Largo do Machado.
Grupos de teatro, performances, e, depois, como bons cariocas, depois alguns dos participantes foram tomar um chope na Adega Portugália, um dos mais tradicionais “quase botequins” do Largo.
Um moleque, que não tem mais idade para ser chamado de rapaz e tem tamanho para não ser coitadinho agrediu uma senhora que usava blusa vermelha, atirando um copo de chope em seu rosto e suas roupas.
Fiquei feliz em ver meu velho amigo João Studart, homem de boa paz, daqueles de quem se dizia antigamente, serem incapazes de matar uma muriçoca, pega-lo pelo gargomilho e fazer o que se deve fazer a moleques desaforados: mandar pedir desculpas. Sem tapas, sem socos, com a força da decência, tanto que João é muito menor e bem mais velho que o gajo e o dominou apenas com o resto de vergonha que sobra dentro daquela pobre alma.
Pedi licença e compartilho o comentário da jornalista Sylvia Moretzsohn sobre o episódio, no Facebook:
“Eu poderia fazer uma gracinha e perguntar por que esse cara poupou as mesas petistas (vejam que são vermelhas) e o garçom, cujo avental tem também essa cor proscrita. Mas não vou fazer isso. Vou apenas lembrar do artigo de hoje do Helio Schwartsman, que diz que “não há por enquanto registro de grandes incidentes” e considera que a nossa democracia “está funcionando bem”. Inteligente e bem informado como é, embora talvez menos culto do que goste de aparentar (volta e meia cita obras científicas para mostrar essa cultura), deveria saber que o ovo da serpente se choca assim. Que esses “pequenos” incidentes são muito expressivos do crescimento desavergonhado do fascismo, que afeta todos nós (ou melhor: todos os não fascistas).
E que, quando (ou se) a situação piorar, será tarde pra reclamar.”
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