André Araújo: Cardozo, um homem nefasto.

Incompetência em defender o governo transforma-se em ataque "fogo amigo" 
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Sir Winston Churchill era um excepcional frasista, sabia compor numa frase a síntese de um assunto complexo. 
Quando Josef Stalin fechou as fronteiras do bloco soviético na Europa do Leste, Churchill cunhou a frase, "de Stetin, no Báltico até o Mar Negro uma cortina de ferro se fecha sobre a Europa".
Em 1938, quando Neville Chamberlain era Primeiro Ministro do Reino Unido, e conduzia a política de apaziguamento com a Alemanha nazista, Churchill era seu maior opositor. 
Atribuía grande parte da política pacifista de Chamberlain ao então Embaixador britânico em Berlin, Sir Neville Henderson, bajulador da cúpula nazista e que alimentava Chamberlain com falsas avaliações da situação em Berlin dizendo que Hitler se contentaria com a Tchecoslovaquia como última reinvidicação alemã e dai para frente nada mais iria pedir à França e Inglaterra. 
Uma estupidez única de avaliação. Hitler já tinha manifestado suas intenções muito maiores no seu livro Mein Kampf e qualquer observador mais agudo da Alemanha saberia que as ambições dele não se limitariam à pequena Tchecoslovaquia.
Foi Henderson que incentivou Chamberlain a voar para Munique e assinar o vergonhoso "Acordo de Munique", pelo qual a Inglaterra e a França deram de graça na bandeja a Tchecoslovaquia aos alemães, apesar de terem garantido sua independência.
Churchill tinha horror a Henderson e sobre ele disse:  "é o diplomata errado no lugar errado na hora errada, tolo e frívolo é um HOMEM NEFASTO".  
Churchill se referiu a um homem que sem ser líder ou fino analista, era mais um cortesão e bajulador do que operador diplomático e com sua leviana informação sobre as verdadeiras intenções nazistas levou Chamberlain e o governo britânico a um fatal erro de decisão, ao conceder um presente gratuito e sem salvaguardas ao Terceiro Reich. 
A Historia puniu Henderson com a horrível tarefa de pessoalmente entregar a Joachim von Ribbentrop [ministro de Relações Exteriores da Alemanha Nazista], em 1º de setembro de 1939, o ultimato para que a Alemanha saísse da Polônia em 48 horas sobre pena de declaração de guerra, o que aconteceu. Henderson viu ruir toda sua obra de inconsequente apaziguamento de um regime que queria a guerra.
A expressão de Churchill UM HOMEM NEFASTO me veio à mente ao fazer um balanço sobre um Ministro do atual governo que sem ser líder ou operador, é mais definível como cortesão. 
Errou muitas vezes em mal  informar a Presidente e tranquilizá-la sobre ações dentro de seu ministério, quando sua obrigação era alertá-la e ajudá-la a preparar a reação a fatos que aconteceram dentro de seu espaço de comando e sobre o qual ele demonstrou não ter nem controle e nem conhecimento. 
Personagens deste tipo na Historia causam mais estrago do que conselheiros frios e leais que mostram a seu chefe os perigos que estão no caminho à frente, ajudando ao chefe na preparação da defesa, invés de dar garantias que não pode sustentar e cenários róseos que não podem bancar. 
O cortesão agradável e insincero é um tipo muito comum nas cúpulas de Governo e são portadores de desastres formidáveis que vem à galope à sombra de seus agrados.
Churchill no seu Governo de 1940 a 1945 nomeou mais de 200 generais, almirantes, embaixadores, ministros e conselheiros. Errou em dois ou três casos apenas. 
Um raro conhecedor de almas, psicologia, valor, lealdade e personalidade, de seus auxiliares diretos. Dois foram depois Primeiro Ministros (Eden e Mac Millan), seus generais foram enobrecidos como viscondes  pelo Rei Jorge VI (Montgomery of Alamein e Alexander of Tunis) e seus perfis históricos nos dois livros básicos sobre a Primeira Guerra (World Crisis) e Segunda Guerra (History of Second World Wra) são uma aula de governo, diplomacia, estratégia e alta política, mas a base sempre foi sua avaliação das personalidades.


Andre Araujo

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