Lava Jato faz o que pretende corrigir

Janio: advogado defende a Democracia, a Constituição !

bessinha.jpg
.
Conversa Afiada reproduz trecho do artigo de Janio de Freitas, na Fel-lha:

(...)

A carta pública da centena de advogados foi emocional, sim. Mas as questões que levantou eram infundadas, a ponto de só merecerem da Lava Jato umas poucas e duvidosas ironias? Tanto não era o caso, que logo viria a reclamação do ocorrido ao depoimento do delator premiado Paulo Roberto Costa. Sua frase inocentando um acusado, com ênfase e convicção, foi omitida na transcrição e substituída por uma afirmação frágil.

A meio do Carnaval, a Folha trouxe respostas de Roberson Henrique Pozzobon, procurador integrante da Lava Jato, a diversos questionamentos à operação. O problema com a frase de Paulo Roberto, a seu ver, é "tempestade em copo d'água", decorrente de releitura equivocada de advogado de defesa. Não houve erro de leitura nem de releitura: o texto da Lava Jato é muito claro. O erro foi de redação na Lava Jato, precedido de erro ético, ou mais, muito grave.

A percepção de que prisões duradouras são feitas como coação para obter delações premiadas é, segundo Pozzobon, "uma falácia gigante". Não. É uma evidência. Com repetições numerosas. Evidência que os procuradores e o juiz da Lava Jato não demonstraram ser ilusória, antes fortalecendo-a com novas repetições.

Pozzobon recupera o argumento de que "mais de 70% dos acordos celebrados [de delação premiada] com réus da operação ocorreram enquanto estes estavam soltos" (texto da Folha). Os 70% soltos não provam a inexistência de coação sobre os 30% que estavam presos. E nada prova que, soltos, muitos dos 70% não se entregaram ao acordo por medo à ameaça de serem presos.

Já disse Sergio Moro que os advogados reclamam por interesse dos seus clientes. Óbvio, não? Mas enganoso. Na defesa de procedimentos judiciais corretos, o suspeito, o acusado e o condenado são circunstanciais, são apenas instrumentos. O que é defendido é o Estado de Direito, é a democracia, é a Constituição. É cada cidadão, cada um de nós.

O rigor nos procedimentos não impede e nem mesmo dificulta investigações e a condenação de quem deva tê-la. O contrário do rigor foi o que começou como mau uso de poder, na Petrobras, e levou à criação da Lava Jato.

Comentários