Folha finalmente admite o papel de Toffoli contra o PT

 
Jornal GGN - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tem os dias contados frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde atualmente é presidente da Corte. No dia 13 de maio, deixa a cadeira da presidência e, duas semanas depois, entrega a vaga à ministra Rosa Weber. 
 
Faltando poucos meses para a mudança, o processo que tramita na Corte para impugnar a chapa da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, a manchete da Folha, "PT aposta em novo TSE para salvar Dilma de cassação", é uma admissão de que Toffoli é "afeito a paixões partidárias".
 
Desde que Toffoli entrou para o Supremo, em 2009, por indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e quando assumiu a presidência do TSE, em 2014, a Folha seguiu a postura de enquadrá-lo como defensor do PT por sua relação anterior com o governo. Durante o julgamento da AP 470, o mensalão, em 2012, Toffoli votou pela condenação de José Genoíno e Delúbio Soares, além de outros réus. Absolveu apenas José Dirceu por não encontrar provas suficientes - o que motivou o jornal a manter o padrão de apontá-lo como advogado do PT.
 
Em pleno julgamentos do mensalão, a Folha ainda endossava a tese: "Ex-advogado do PT, Toffoli assume presidência do TSE", publicou o jornal em maio de 2014. No final de 2014, quando a dupla Dias Toffoli e Gilmar Mendes orquestrava o rito para desaprovar as contas da presidente Dilma Rousseff, deflagrado pelo Jornal GGN, o diário continuava a alimentar a teoria. O próprio GGN foi alvo de críticas de blogs por antecipar as ligações de Toffoli com Gilmar
 
Durante o hiato na escolha da presidente Dilma pelo ministro que substituiria Joaquim Barbosa, no STF, Toffoli foi transferido para a Segunda Turma do Supremo, responsável pelos julgamentos dos processos relativos à Lava Jato. E foi caracterizado pelo veículo como "ex-advogado eleitoral do PT, assessor da Casa Civil no governo Lula e advogado-geral da União", enfatizando que o ministro havia se encontrado com a presidente Dilma um dia após assumir a Corte responsável pela Lava Jato. "Ligado ao PT, ministro comandará julgamento de processos da Lava Jato no Supremo", publicou, em março de 2015.
 
Ainda na metade do último ano, quando o novo ministro Luiz Edson Fachin se declarou impedido para comandar um inquérito que investiga um dos braços do mensalão, o caso caiu nas mãos de Toffoli. Ao invés de apontar as possíveis implicações do novo relator no processo, tendo em vista o histórico de decisões do ministro na AP 470, o diário preferiu ressaltar que "a participação de Dias Toffoli foi questionada antes do início do julgamento do mensalão no Supremo porque ele foi assessor do PT e advogado-geral da União no governo Lula".
 
 
Após dois anos seguindo essa postura editorial, o jornal admite que a saída de Toffoli no TSE pode ser positiva ao PT, uma vez que o ministro tem, ao lado de Gilmar Mendes, "paixões partidárias", destacou o jornal entre as aspas de "auxiliares da presidente" supostamente ouvidos pela redação. Nessa linha, Rosa Weber, que substituirá o ministro no TSE, é caracterizada como uma figura "mais técnica". 
 
A mudança de posicionamento do jornal de elencar Toffoli como o mais novo contrário ao partido e na presidência do TSE seria determinante para o processo de impugnação contra Dilma Rousseff, uma vez fora da Corte poderia representar um avanço para a impunidade da presidente - o que justifica a mudança de tom, seguida pelo título da matéria: "PT aposta em novo TSE para salvar Dilma de cassação".
 

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