“É um terço SP, outro nacional e um terço Aécio”, diz delator sobre esquema em Furnas

.
Postado em 3 de fevereiro de 2016 às 9:17 pm
DCM
Do Valor:
 Interrogado pelo juiz federal Sergio Moro, titular da Operação Lava-Jato, nesta quarta-feira o delator Fernando Moura afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB, dividiria propina na empresa de energia Furnas com o PT nacional e estadual, na cota de um terço para cada um.
Em nota, o PSDB nacional classificou a declaração de Moura de “requentada e absurda”. Procurado, o Instituto Lula não quis comentar.
Antes deste depoimento, Moura alegou à força-tarefa da Operação Lava-Jato que teria sofrido uma ameaça velada a seus familiares, e que por isso teria negado fatos em sua delação premiada.

Nesta tarde, o delator, que pediu para ser reinquirido porque mentira em seu interrogatório na semana passada, afirmou que Aécio teria feito um pedido ao então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro de 2002, para que Dimas Toledo fosse indicado para um cargo em Furnas. Dimas foi diretor da estatal.
Segundo Moura, a informação lhe foi revelada por José Dirceu. “Ele [Dirceu] me chamou e falou: ‘Qual é a sua relação com o Dimas Toledo?’ Eu falei que a minha relação com o Dimas Toledo, eu estive com ele três vezes, achei ele competente, um cara profissional. Ele falou ‘porque esse foi o único cargo que o Aécio pediu para o Lula. Então você vá lá conversar com o Dimas e diga para ele que a gente vai apoiar a indicação dele’.”
De acordo com a versão de Moura, ele conversou com Dimas Toledo: “Eu fui conversar com o Dimas e o Dimas na oportunidade me colocou da mesma forma que eu coloquei o caso da Petrobras. Em Furnas era igual. Ele (Dimas) falou: ‘Ó, vocês nem precisam aparecer aqui. Vocês vão ficar um terço em São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio.”
Segundo contou Moura ao juiz, houve uma reunião após o presidente Lula ser eleito, em 2002, para “definição de mais ou menos umas cinco diretorias de estatais para ajudar em nível de campanha posteriormente”. O delator, “foi conversado sobre Petrobras, Correios, Caixa Econômica Federal, Furnas, Banco do Brasil (…) todas as pessoas que fossem indicadas iam ter de estar com 20 anos de casa, ser funcionário da casa para poder receber essa indicação. Isso foi conversado antes, em novembro de 2002.”

Comentários