“Cunhada” de FHC, que há 15 anos recebe de tucanos no Congresso sem trabalhar, é militante contra a corrupção
publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 10:14
Da Redação do VIOMUNDO
Margrit Dutra Schmidt, irmã da jornalista Mirian Dutra, que teve um romance de seis anos com o então senador Fernando Henrique Cardoso, recebe salário de assessora no Congresso há 15 anos mas nunca compareceu ao trabalho. Ela bate o ponto diariamente.
Conforme demonstrou o Tijolaço, sua primeira nomeação foi feita pelo próprio FHC, em 27 de março de 1995, para o cargo em comissão de diretora do Departamento de Classificação Indicativa, no Ministério da Justiça.
A essa altura a irmã, Mirian, já vivia no exílio na Europa com o filho que ela e FHC acreditavam ser do presidente da República.
A revelação de que Margrit é funcionária fantasma foi feita por Lauro Jardim, em O Globo.
O jornalista foi quase um porta-voz da emissora quando atuava na Veja. Não é possível confirmar se foi retaliação por Mirian ter dado entrevista denunciando que a Globo tentou apagá-la da História da emissora.
Em sua página no Facebook, Margrit é uma discreta militante contra a corrupção. Refere-se ao ex-presidente Lula como Molusco e denuncia Dilma por “cultuar” Getúlio Vargas e Leonel Brizola. “O Brasil acabou. E tem gente que defende esta corja”, sentencia.
Margrit “trabalhou” nos gabinetes de Arthur Virgílio e Lúcia Vânia, antes de receber salário como assessora fake de José Serra. Isso demonstra que o PSDB teve papel ativo no acobertamento da existência de Mirian, ao lado da mídia e da empregadora da jornalista, a TV Globo:
Irmã de Mirian Dutra é desconhecida por ‘colegas’ de gabinete de Serra
Tucano nega de Margrit seja fantasma e diz que ela trabalha de casa
BRASÍLIA — O senador José Serra emprega em seu gabinete do Senado, como funcionária fantasma, Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian Dutra Schmidt, conforme informou o blog do jornalista Lauro Jardim, no site do GLOBO. Margrit vai diariamente, de manhã e à noite, registrar sua digital na entrada principal do Congresso, a Chapelaria, mas não cumpre expediente. Serra negou que ela seja fantasma e disse que Margrit trabalha de casa, prática vetada no Senado.
Margrit foi cedida pela liderança do bloco da oposição para o gabinete de Serra em 30 de março de 2015. Na quinta-feira, portanto quase um ano depois, O GLOBO entrevistou dez dos 15 funcionários do gabinete de Serra em Brasília. Dos entrevistados, nenhum sabia dizer o que Margrit faz. Alguns sequer sabiam de sua existência.
— Margrit? Você está confundindo. Eu estou com ele desde o começo do mandato. Não tem nenhuma Margrit aqui — afirmou um funcionário do gabinete.
Margrit está na República Dominicana, conforme a própria confirmou ao GLOBO na quinta-feira:
— Estou na República Dominicana, de banco de horas. A ligação está muito ruim — disse ela.
O telefonema caiu, e, embora informada sobre o tema da reportagem, Margrit não voltou a atender aos outros telefonemas.
Serra afirma que pediu à liderança da oposição a cessão de Margrit porque “desejava que ela se dedicasse a um projeto na área de educação”:
— Ainda é um projeto sigiloso, peço que você não adiante o que é. Lançarei em breve. Queria alguém que me ajudasse em questões não econômicas. Conheço a Mag há muitos anos. Tenho relações pessoais e intelectuais — afirmou Serra.
Num primeiro momento da entrevista, Serra afirmou não saber ao certo se Margrit trabalha ou não de casa. Depois, ao ser informado pelo GLOBO de que os funcionários haviam dito que não a conheciam, Serra disse que “imagina(va)” que Margrit trabalhe de casa. Finalmente, o senador afirmou:
— Ela trabalha (de casa). Meu gabinete tem pouco espaço, não tem sala para todo mundo.
Margrit não ingressou no Senado por meio do gabinete de Serra. Trabalha no Senado há 15 anos. Em seus anos no Parlamento, a assessora trabalhou no gabinete do ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), hoje prefeito de Manaus, e da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), ex-tucana, quase sempre cedida pela liderança do bloco de oposição.
Nunca foi ao Senado trabalhar. A situação se manteve até Álvaro Dias assumir o cargo, em março passado, e decidir demiti-la.
Virgílio afirmou que Margrit era “uma funcionária normal” de seu gabinete. Dias confirmou que a demitiu, mas não quis responder a outras perguntas.
— Não seria ético eu falar nisso. Não sou mais do PSDB.
A senadora Lúcia também não quis comentar.
PS do Viomundo: Margrit será demitida do Senado, informa Ricardo Noblat, que escreveu uma patética coluna detonando Mirian e em defesa da Globo. Ele mesmo diz: “Míriam reclama, hoje, de pouco ter trabalhado quando de Lisboa foi para Londres e, de lá, para Barcelona. Ora, então por que não voltou? Ou por que continuou recebendo salário da Globo sem pegar no pesado?”. A pergunta é outra, Noblat: por que a Globo pagou 7 mil dólares mensais a uma correspondente que não trabalhava? Hein? A demissão de Margrit é o começo da represália. Começou o assassinato de reputação de Mirian.
Leia também:
Comentários