Vannuchi: Denúncia de propina contra FHC vai sumir em três dias

MÍDIA
Para analista político, notícia dada por veículo da grande mídia 'surpreende', mas tomará o caminho das demais denúncias contra políticos da oposição: o da omissão
por Redação RBA publicado 12/01/2016 13:44, última modificação 12/01/2016 16:09
ALESSANDRO CARVALHO/AGÊNCIA DE NOTÍCIAS PSDB-MG
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Jornais do país recebem novos indícios de corrupção no PSDB, mas primeiros sinais são de novo 'esquecimento'
Em sua coluna na Rádio Brasil Atual, o analista político Paulo Vannuchi fala hoje (12) de sua expectativa acerca da notícia de que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, em sua delação premiada, relatou o pagamento de propina de US$ 100 milhões ao governo FHC, numa transação envolvendo uma empresa argentina, a Perez Companc.
O ex-diretor da Petrobras teria dito que, em 2002, último ano do governo FHC, a Petrobras comprou o complexo argentino de energia por um US$ 1 bilhão, pagando US$ 100 milhões a integrantes do então governo federal.

Para Vannuchi, a mídia tradicional brasileira seguirá o roteiro de transformar uma investigação policial e judicial em instrumento político. "Quero ver como a mídia vai dar sequência ao tema. Minha aposta é que o assunto da propina ao governo FHC irá sumir daqui três dias. Eu posso pedir desculpas se estiver errado, mas vou lembrar que Operação Lava Jato, para ser algo honesto, tem que parar com a seletividade contra as forças políticas que apoiaram Lula e Dilma. Estão dando ao combate à corrupção um viés partidário para tentar fazer com que o Brasil volte ao período neoliberal, sem programas sociais, em que a lei da selva é a regra geral, contra a tentativa que nasceu no governo Lula de fazer da sociedade algo solidário", diz.
"Com o apoio do Moro, com o apoio de membros do Ministério Público, da PF, que há uma operação seletiva. A surpresa de ontem é que o jornal Valor Econômico, menos lido pelo povão, mas o principal diário sobre economia, reportou a denúncia contra FHC." (Hoje, a manchete da Folha de S.Paulo destaca a citação a Lula e no pé da página menciona FHC.)
Em nota, o ex-presidente Cardoso respondeu que "estão levantando suspeitas contra um homem que já morreu", referindo-se ao então presidente da Petrobras, Francisco Gros, segundo Vannuchi "um homem que nasceu em Wall Street, e assumiu posições no BNDES, foi presidente da OGX do Eike Batista". Gros morreu em 2010.
"Mas vou lembrar que, em 2002, às vésperas das eleições, o presidente da Petrobras estava participando de um seminário no Canadá e foi manchete de um jornal local, ao afirmar que se Lula vencesse as eleições, as ações da Petrobras iriam despencar. "Foi um crime contra a Petrobras, mas ninguém (da mídia) tomou uma providência, e muitas empresas ganharam muito dinheiro com a queda do valor da Petrobras nos dias seguintes. Resultado de uma declaração irresponsável do próprio presidente da empresa, que ao terminar seu mandato foi trabalhar em uma das corretoras que ganharam dinheiro com aquela sua declaração."
Vannuchi questiona se a mídia tradicional vai efetivamente mudar sua postura seletiva contra o PT, o governo Dilma e os movimentos sociais e passar também a relatar, aprofundar e debater as denúncias envolvendo políticos e setores da oposição, especialmente o PSDB. "Sempre que tem uma notícia sobre o Aécio, some. Apareceu o presidente dos tucanos, Sergio Guerra? Some. A mídia blindou Eduardo Cunha, o trensalão de São Paulo sumiu do noticiário. Será que agora mudou? Não."
Ouça.

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