Segue a “Operação Conta-Gotas”, a denúncia do “ouvi dizer”

gotaveneno
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Sai hoje, no Estadão, mais um “retalho” da delação premiada de Nestor Cerveró.
E outra vez, um comentário sobre Lula serve para que se lancem suspeitas sobre o ex-presidente.
De novo, também, sem qualquer indício que possa ligá-lo ao que se diz, a construção de um prédio para ser locado à Petrobras.
Exceto, claro, o “ouvi dizer”. Neste caso, porque outro diretor, numa reunião de diretoria da empresa, teria dito: “olha, o Lula quer que seja a imobiliária tal”.
Jesus Cristo, passa na cabeça de alguém, algo deste tipo servir como base para um acordo de delação?
Alguém, no meio de uma reunião de diretores de uma grande empresa, todos muito bem remunerados e vários, como Cerveró, servidores de carreira, diria algo assim?
E se, por absurdo, disse, não causou rebuliço? Não teve ninguém para dizer: “Como assim, fulano, como é que você soube disso?”
Ninguém checa datas?

Cerveró diz que ” “Por 3 vezes esta comissão apresentou alternativas de aluguel de prédios próximos a Petrobrás e que foram recusadas por decisão de Gabrielli, que levantou uma série de questões para obstar a escolha. Até que foi finalmente aprovada a proposta da WTorre já construída e em operação na rua do Senado, no Rio de Janeiro”.
Como a comissão foi constituída, segundo o próprio delator, em 2006 e em 2008 Cerveró deixou a diretoria, supõe-se que isto date de 2007 iu de 2008. Não havia, entretanto, nada “construído e em operação”, até porque o prédio alugado pela Petrobras começou a ser construído em 2010, com início de operação em 2013, segundo registra o jornal O Globo, ao alcance de uma “googlada”.
O que aconteceu em 2008, aliás publicado também por O Globo, foi a celebração de um “termo de entendimento” entre a Petrobras e a construtora para avançar no projeto, para a locação. Alguém se deu ao trabalho de verificar em que condições? O contrato foi assinado em 2010 e o dinheiro para a obra foi captado no mercado pela própria Wtorre no mercado, não veio da Petrobras, como publicou o Estadão. Só o que a Petrobras deu, para obter um equipamento adequado às suas necessidades foi a garantia do aluguel.
Modalidade de negócio que há muito tempo se tornou comum e chama-se built-to-suit , onde uma empresa garante a locação e a incorporadora capta dinheiro para a obra com esta receita assegurada. Quem quiser conhecer um exemplo, olhe aqui o contrato da própria Wtorre para fazer o mesmo com o Banco Santander.
O que diz Cerveró é pouco ou nada para supor favorecimento à empresa e menos ainda em troca de propinas e menos ainda para lhe valer redução de pena.
É assim, no “vai falando de qualquer jeito”?
É um escárnio que a o Ministério Público e a Polícia Federal produzam um documento nestas bases e mais ainda que isso seja aceito como “pagamento” para a redução de pena de um ladrão. E mais escandaloso que um juiz e um ministro do Supremo homologuem tal coisa, sem mandar voltar e “apurar direito”, como mais de uma vez, a gente, jornalista, já ouviu de nossos chefes.
Para informações deste tipo, francamente, bastaria – na Petrobras ou em qualquer empresa – dar ouvidos à “Rádio Corredor”.

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