PML: Marcelo Castro, ministro-espectador na Saúde

: <p>Bras�lia � A comiss�o geral da C�mara, convida o ministro da Sa�de, Marcelo Castro, para falar sobre microcefalia. (Jos� Cruz/Ag�ncia Brasil)</p>
.
Por Paulo Moreira Leite - 26/01/2016

Num período histórico em que se denuncia a sociedade do espetáculo, pelo caráter essencialmente alienante, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, está inovando para pior.

Pode ser definido como o ministro-espectador.

Este é o aspecto inaceitável de seu comportamento. Num país que aos poucos começa a tomar consciência da gravidade representada pelas novas doenças trazidas pelo aedes-egypt, ao se referir a uma epidemia de microcefalia o ministro antecipou que podemos produzir uma “geração de sequelados.”

Também disse que o Brasil está “perdendo feio” a batalha contra o aedes egypt. Não pode.

Como um general encarregado de mobilizar os exércitos para uma guerra, não lhe cabe usar o cargo para aceitar a derrota e espalhar o pessimismo. Chega a ser falta de respeito.

A sinceridade não é uma virtude frequente em autoridades de qualquer país.

Nós sabemos que as mentiras podem criar ilusões passageiras e pesadelos permanentes na vida pública.

Mas, antes de aplaudir a franqueza do ministro, a pergunta é saber  qual sua serventia.  

Ao conjugar o verbo na primeira pessoa do plural, o “nós”, que lhe permite dividir responsabilidades com 200 milhões de brasileiros, o ministro evita o pronome correto para uma autoridade na hora em que é preciso demonstrar sentido de responsabilidade e testar a própria competência  – “eu.”

Define uma postura clara diante da situação – e trata de lavar as mãos, a melhor maneira de tentar deixar claro que nada tem a ver com isso.

Na melhor das hipóteses, Marcelo Castro cavou seu lugar na história do governo Dilma como o ministro do “eu não disse?”

Comentários