Paulo Pimenta: Locutor de rádio da RBS, empresa suspeita de pagar propina, incitou ouvintes a cuspir em Lula “por corrupção”; ouça

publicado em 28 de janeiro de 2016 às 22:20 - no VIOMUNDO
nelson e eduardo sirotosky e alexandre fetter
Os irmãos Sirotsky, suspeitos de mandar pagar propina, e Alexandre Fetter, o “humorista” da rádio Atlântida que incitou ao ódio. Vai mandar cuspir nos patrões?
CARTA ABERTA À RBS
LOCUTOR INCITA AGRESSÕES À LULA
Desde que o desejo da maioria do povo brasileiro foi vitorioso nas eleições presidenciais, de 2014, e frustrou os interesses dos grandes grupos de comunicação do país, com a reeleição da Presidenta Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores, o Brasil vive um clima de hostilidade, de extremismo e de inúmeros ataques, por parte daqueles que até hoje estão inconformados com a derrota nas urnas contra agentes políticos e, especialmente, membros do Partido dos Trabalhadores.
Infelizmente, essa onda de ódio é, em grande parte, promovida e alimentada por parte da imprensa brasileira.
Foi o que puderam constatar os milhões de gaúchos e gaúchas ouvintes da Rádio Atlântida FM, do Grupo RBS , nessa semana.
Indignados, muitos me procuraram para que fossem tomadas providências e o caso fosse denunciado.
Em um dos programas de maior audiência dessa rádio do Grupo RBS, o locutor do “Pretinho Básico” incita os ouvintes a “cuspirem” na cara do ex-Presidente Lula.

Entre as inconformidades do locutor estão, segundo ele mesmo, a possibilidade de que [eles, o povo] “vão votar no PT de novo” e o teor das últimas declarações do ex-presidente.
“Ninguém cospe no Lula, velho? Que troço desesperador, isso é desesperador. Ninguém dá uma cuspida no Lula, um sujeito desses é digno de uma cusparada”.
A incitação ao crime, cometido pelo locutor, está prevista no Código Penal.
Qual seria a reação da mídia se agentes políticos passassem a defender agressões a jornalistas em razão da manipulação diária promovida pelos meios de comunicação no país, da seletividade de sua cobertura ou da diferença de posições políticas?
Certamente, denunciaria um ataque à liberdade de expressão. E por que razão, então, consente com a incitação de ataques de seus profissionais a políticos?
Pretende, ao fim, que alguns atores políticos sejam espancados ou retirados à força da cena política como na época da ditadura?
Crimes ao microfone, como o cometido por esse locutor, respaldam, posteriormente, atitudes de violência na rua.
Quem defende a doutrina do ódio contribui para a naturalização e o agravamento da violência praticada em nosso país.
Ao permitir que tais palavras sejam proferidas em um de seus programas de rádio, o Grupo RBS fomenta a ideia de que vivemos em uma sociedade que valoriza a violência, a opressão e a vingança.
Precisamos rejeitar esse pensamento.
Vivemos em um Estado de Direito, onde a liberdade de expressão de cada indivíduo é tão importante quanto a certeza de que a dignidade da pessoa humana será protegida.
Negar isso é recusar que somos todos iguais, afastando outro preceito fundamental do Estado de Direito.
Esse discurso busca, na verdade, criminalizar a política e os agentes políticos, bem como, mais especificadamente, estigmatizar e discriminar não somente o ex-presidente Lula, seu partido e seus correligionários, mas todos brasileiros e brasileiras que, de alguma forma, estimam Lula e que têm ele e seu legado político como símbolos da tolerância, promoção da igualdade e da justiça social.
O discurso de ódio leva a sociedade para um único fim.
Foi o que vimos na Segunda Guerra Mundial, originada, em grande parte, da incitação ao ódio a grupos específicos de pessoas, num discurso promovido pelo casamento entre líderes políticos intolerantes e os meios de comunicação.
Desde então a comunidade internacional e o sistema internacional de direitos humanos protegem a liberdade de expressão na mesma medida em que repudiam o discurso de ódio.
Portanto, em episódios como esse da RBS, é inútil se esconder atrás da liberdade de expressão e invocá-la para justificar o cometimento de um crime.
A humanidade de forma geral tem um alto grau de condenabilidade do discurso de ódio.
Chegamos aqui após sofrer suas piores consequências.
Por isso, em nosso país, vivemos para a defesa da pluralidade e para construção de uma sociedade que promova a paz.
O que nos perguntamos, agora, é se:
Essa é a opinião da RBS?
A RBS concorda com incitação ao crime?
A RBS concorda e defende que o ex-Presidente Lula seja agredido?
A RBS aceita ser corresponsabilizada por qualquer agressão ao ex-Presidente Lula?
A RBS considera que o papel da imprensa é incitar ao crime e promover o discurso de ódio?
A RBS pretende tomar alguma providência frente a esse episódio de incitação ao crime?
À parte as diferenças ideológicas entre o Partido dos Trabalhadores e a defendida pelos grandes grupos de comunicação, entendemos que não é no campo da violência que as disputas entre o campo político e o midiático, ou entre modelos políticos para o país, serão resolvidas.
*Paulo Pimenta, jornalista, deputado federal e Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados
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PS do Viomundo: E cadê a coragem dos humoristas da Atlântida para fazerem piada com o fato de que a empresa para a qual trabalham está sendo investigada por pagar propina na Operação Zelotes?
PS2 do Viomundo: Alexandre Fetter vem pregando o emprego de violência moral ou física para resolver problemas do cotidiano. Apesar de ser um programa de humor, ele estimula “indignados” e lê supostas cartas de ouvintes que agiram de acordo com sua “filosofia”. Ver neste programa, a partir dos 41 minutos.

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