Paulo Nogueira: E Marta conseguiu atacar a redução de mortes nas Marginais de SP.
Postado em 22 jan 2016
Duas coisas são certas na corrida pela prefeitura de São Paulo. 1) Marta Suplicy vai receber uma cobertura majestosa da mídia; 2) consequentemente, ela vai falar muita bobagem.
Uma amostra disso veio numa entrevista que ela concedeu nesta sexta à Jovem Pan, a rádio que fez a CBN parecer uma célula comunista..
Em sua sede de vingança contra o PT, Marta atacou Haddad num ponto simplesmente inatacável: a diminuição das mortes nas marginais de São Paulo depois da redução da velocidade máxima permitida.
Levantamento da CET diz que o número de acidentes com vítimas, num determinado período, caiu 36% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Também a lentidão, de acordo com o mesmo estudo, se reduziu. Os congestionamentos passaram de 124,4 quilômetros para 104,8 quilômetros, uma queda de 6%.
Quer dizer: menos sangue e menos engarrafamento nas Marginais.
Pois foi isso que Marta conseguiu (tentar) desqualificar.
Ora, ora, ora.
Marta alegou que São Paulo é uma “cidade elétrica”, e que não pode andar devagar. Faltou dizer: ainda que mais gente morra, temos que acelerar.
Engraçado é que Marta não contesta o estudo em si. Para tanto, ela teria que mergulhar nos números para achar eventuais incoerências na metodologia.
Não.
Ela optou pelo caminho mais fácil. Disse que outros fatores devem explicar a queda nos acidentes com vítimas.
Mas um momento: que fatores? Alguma pista?
Nenhuma.
Deus decidiu proteger os usuários das Marginais? O diabo estava de folga no período da avaliação?
Marta não disse nada. E nem lhe foi cobrada uma explicação, qualquer que fosse, para o que dissera.
Isso demonstra o que todos já sabíamos: os microfones da mídia estarão à sua disposição, e sem que haja questionamentos.
O que se quer dela é que bata em Haddad. Ponto.
De resto, a São Paulo “elétrica” parece indicar uma opção pelo automóvel em detrimento das bicicletas. Marta já andou falando em “ciclotintas”.
Com enorme atraso em relação a outras metrópoles abarrotadas de carros, São Paulo dá com dificuldade seus primeiros passos na Era das Bicicletas.
A chamada mobilidade urbana entrou, enfim, no dicionário paulistano. Já era uma expressão amplamente usada nas grandes cidades do mundo, mas prefeitos como Serra e Kassab a ignoraram solenemente.
Quando enfim São Paulo começa a andar de bicicleta, Marta fala em ciclotinta e numa cidade elétrica.
Quer dizer: o que ela está propondo é um retorno ao passado. E para viabilizar este retorno vale tudo – até apontar defeitos na redução das mortes nas marginais.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Comentários